outubro 30, 2008

Primeiro Congresso Internacional de Moda em Madri - repercussão

Gilles Lipovetsky e Isabelle Anchieta
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Ter contato com o autor que é a principal referência de minha pesquisa, o filósofo francês Gilles Lipovetsky, foi a mesma sensação de ver a Torre Eiffel ou o acervo do Louvre pela primeira vez - me dei conta que as coisas que nos parecem grandiosas, impossíveis são reais e mais acessíveis do que imaginamos. O mundo fica pequeno, ou melhor familiar e nos sentimos parte dele. Lipovetsky foi uma surpresa, apresentei a ele minha pesquisa (A quarta mulher) e demosntrou real interesse, me pedindo até que envie cópia do trabalho em francês.
Queria compartilhar também a repercussão da apresentação da segunda pesquisa selecionada para Congresso Internacional, em Madri, o projeto "Laboratório de Moda Brasil". Eu e minha mãe, a designer Adrienne Rabelo, ficamos entre os 10 pesquisadores escolhidos no mundo todo para apresentar o trabalho na programação oficial. Para nossa surpresa o trabalho repercutiu muito, as pessoas tiravam fotos dos slides e dos desenhos. Após a apresentação fomos convidadas por mais três Universidades (EUA, México e Espanha) para reapresentar o trabalho, legal, não!? Uma participante do Congresso, uma brasileira, Angélica da Silva, que hoje faz parte da equipe do museu do traje registrou toda a palestra e divulgou em seu blog na forma de slide (disponibilizei o slide tb no blog). Obs. A Angélica é uma pessoa super generosa e seu blog digno de atenção, compartilha junto com outros cariocas espalhados pelo mundo dicas preciosas sobre Moda e Modos de Vida na Europa, para quem quer dicas preciosas o site as oferece generosamente

outubro 02, 2008

O animal que voa com a cabeça


“E, se mais adiante, te faltarem todas as escadas, será preciso saberes trepar sobre a tua própria cabeça; senão como quererias subir mais alto?” (Nietzsche. AF.Z, P.122,)

Fomos obrigados a voar com a cabeça. Diante do precipício das nossas limitações construímos pontes. Ultrapassar. Ir além do que nos torna banais. E se voar é fruto da superação de nossos limites e deficiências, isso torna-se ainda mais grave para aqueles ditos “fracos”.
Mas, os fracos de possibilidades, os não agraciados pelo destino que tem fome de vida e superação são os homens/mulheres que voam. Rastejam, desejam asas e voam. Uma potência que testa nossa paciência, nossa coragem, nossos limites. Cansa, mas há de restar sempre a fé no que se pode vir a ser. E, se só ela restar, toda a força pode ser restituída de uma só vez. Podemos perder tudo, nunca essa pequena chama, capaz de reacender todo o nosso ser.
Agora entendo a frase de Nietszche em que afirma que...“ se mais adiante, te faltarem todas as escadas, será preciso saberes trepar sobre a tua própria cabeça; senão como quererias subir mais alto?” (Nietzsche. AF.Z, P.122)

setembro 03, 2008

O belo na necessidade das coisas...


Há uma diferença sutil entre o belo e o tornar as coisas belas. O primeiro é; o segundo torna-se. E, é esse segundo movimento o que mais me fascina. Tornar as coisas belas é fazer dos objetos, das paisagens, dos gestos, dos outros fatos extraordinários em nosso cotidiano. Ritualizar a vida. Aprendi isso, com a mais dura realidade. Quando nos falta o tempo, as possibilidades temos de aprender a ver na vida mais do que obrigações e o feio. É preciso ver o belo na necessidade das coisas. Assim, com a “falta”, aprendi a colocar nas coisas mais banais um gosto incomum. Meus banhos têm cheiros, música e alegria. Meu café é feito vagarosamente até o cheiro contaminar toda a casa. Meus livros são saboreados com uma vibração incomum, cada página pode me provocar insônia (como quando li o “Niilismo europeu” de Nietzsche). Me alegro com suas palavras, pois produzem uma fé sem religião, uma fé em minha potência, no meu vir a ser, mesmo quando as vistas escurecem e o corpo tomba de cansaço – como agora. É preciso ter coragem e beleza para se viver. São as duas coisas fundamentais. Se morre quando não se pode mais lutar. E a vida só tem sentido na luta e na celebração.


Isabelle Anchieta


Vou dizer qual é o pensamento que deve tornar-se a razão, a garantia da doçura de toda a minha vida! É aprender cada vez mais a ver o belo na necessidade das coisas: é assim que serei sempre daqueles que tornam as coisas belas. Amor fati: seja esse de agora em diante o meu amor. Não quero fazer guerra ao feio. Não quero acusar, nem mesmo os acusadores. Desviarei o meu olhar, será essa, de ora em diante, a minha única negação! Em uma palavra, não quero, a partir de hoje, ser outra coisa senão um afirmador” (Nietzsche, GC)

agosto 04, 2008

Curso da professora em parceria com o antropólogo Roberto DaMatta e a designer Adrienne Rabelo

A Moda brasileira e suas identidades

Foto: Roupa de Lino Villaventura

Existe uma moda brasileira? Em um país multicultural não seria melhor dizer que existem “modas” no plural? Como podemos encontrar modas brasileiras e produzir produtos com identidade e valor agregado? São essas as questões que a designer e artista plástica Adrienne Rabelo e a pesquisadora e mestre em comunicação Isabelle Anchieta de Melo irão discutir. As mineiras são as brasileiras escolhidas para representar o Brasil no primeiro Congresso Internacional de Moda (CIM 2008) que acontece na Europa, em Madri. Elas desenvolveram um projeto denominado “Laboratório de Moda Brasil” que tem como desafio levantar as múltiplas identidades das modas no país.

Professores:

Roberto Damatta - Antropólogo, Ensaísta de Cultura, Professor Doutor da Universidade de Notre Dame (EUA), Doutor pelo Peaboy Museum, Harvard University (EUA). Foi pioneiro nos estudos de rituais e festivais em sociedades industriais, tendo investigado o Brasil como sociedade e sistema cultural por meio do carnaval, do futebol, da música, da comida, da cidadania, da mulher, da morte, do jogo do bicho e das categorias de tempo e espaço. Considerado um dos grandes nomes das Ciências Sociais brasileiras, DaMatta é autor de diversas obras de referência na Antropologia, Sociologia e Ciência Política, como Carnavais, Malandros e Heróis, A casa e a rua ou O que faz o brasil, Brasil?.

Adrienne Rabelo - Design e consultora de moda, formada em Belas Artes pela UFMG e com curso de estilismo pelo estúdio Berçot/Marie Rucki de Paris. A design foi premiada por suas criações nos concursos Santista de estilismo e Smirnoff Internacional. Foi coordenadora de moda da Indústria têxtil Ferreira Guimarães e gerente do Moda Tec Fiemg (Federação das Industrias de Minas Gerais). Realiza pesquisas periódicas de tendências e oferece consultorias e palestras para várias empresas. É professora universitária de design de moda e desenvolve uma linha de acessórios que leva o seu nome e que reúne tecnologia com o feito a mão. Produzindo formas e modelagens originais suas bolsas foram selecionadas e expostas no encontro Brasil/França na Galerie Lafayette em 2005.

Isabelle Anchieta - Jornalista, mestre em Comunicação Social pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). É pesquisadora pela UFMG, no grupo "Jornalismo, Cognição e Realidade" (JR), que tem como objetivo sistematizar, contextualizar e analisar as Teorias do Jornalismo. Foi apresentadora e editora do jornal da Rede Globo em Minas Gerais. Repórter de documentários especiais pela TV Cultura (Rede Minas de Televisão). É professora de Teorias da Comunicação; de Estudos Avançados em Comunicação e Teorias do Jornalismo no Centro Universitário Newton Paiva.



>>Mais informações no site da Academia de Idéias: http://www.academiadeideias.com/index.asp

julho 08, 2008

julho 02, 2008

NoivaS do Cordeiro: uma história real de preconceito e solidariedade entre mulheres de uma comunidade rural de Minas Gerais

Foto: Beto Novaes/EM
Mais de 200 mulheres unidas por um sentido de vida coletiva que está além de qualquer formalismo, ideal político ou religioso. Um estar junto alicerçado em sentimentos raros e incomuns nos dias de hoje: o respeito mútuo; a solidariedade e essa palavra de luxo, o amor. Vivem em uma comunidade rural, tão perto e tão longe de Belo Horizonte: Noiva do Cordeiro, em Belo Vale, região Central de Minas, a 100 km da capital mineira.
Mas, essa vida organizada pelo “amor” tornou-se (sem que tivessem essa intenção) um modo revolucionário de se viver. Estas mulheres incomodaram profundamente pessoas habituadas as regras, aos dogmas, a desconfiança, a violência e ao desamor. Tanto que a comunidade que surgiu no sec. XIX foi por muito tempo isolada de outras pelo preconceito. Taxadas de prostitutas e com o agravante de não adotarem o catolicismo como religião e o casamento como regra elas sofreram, injustamente, uma série de constrangimentos.
No entanto, enganam-se os que acreditam na ingenuidade das “moças da roça”; articuladas e sabedoras de seus direitos essas belas mulheres viraram o jogo. Criaram uma associação; receberam a primeira escola de informática da zona rural de MG e hoje vendem os produtos artesanais que fabricam para lojas da região.
Quem "deu a ver" essa história foi o jornalista Gustavo Werneck em reportagem para o jornal Estado de Minas. Dela tomou conhecimento um colega e grande diretor de TV Alfredo Alves. Sensibilizado Alfredo resolveu contar a história dessas mulheres em um vídeo que foi ao ar pela GNT no dia 26/06/08. Um documentário que concilia um apurado senso estético e poético em sua edição, narração da escritora Lya Luft e depoimentos que nos fazem repensar o modo de vida que adotamos viver.

>>>>Para assistir parte do documentário clique aqui

junho 20, 2008

A vida não pára : a vida é tão rara

Aprendemos duas coisas distintas e contraditórias, primeiro a de que temos de conquistar a vida o quanto antes, ter dela as nossas respostas. Mas, aprendemos, em seguida, que é preciso saber olhar a paisagem e não só acelerar.
Eis a grande confusão, a grande ansiedade com a passagem do tempo, misturada a uma perda irreparável. Ansiedade por não ter se tornado ainda o que se pode ser e por, ao mesmo tempo, esgotar o tempo das coisas fundamentais nessa busca. A falta com as pessoas que amamos, a falta conosco. Assim, se por um lado não nos é dado o espaço de parar, não sobra para viver, ser, estar. Se não nos movimentamos as coisas não nos chegam e se não paramos perdemos coisas fundamentais, raras. É preciso também de um sorriso, de um toque de quem amamos. Do corpo entregue, da mente livre. Esse tempo irreparável. Essa alegria que nos escapa a cada instante.
Há outro inquietante elemento: o da tragicidade de viver. No sentido de que nunca teremos a certeza de que estamos trilhando o caminho certo e, por isso, ele, o caminho em que estamos sempre tornar-se uma questão. A contradição agrava-se, pois agora nos perguntamos se a pressa para chegar nesse “algum lugar” faz sentido. Guimarães Rosa dizia que não, que o movimento que prossegue nunca chega ao fim, pois “o rio não quer chegar a lugar algum, só quer ser mais profundo”. Acho esse pensamento de uma sabedoria da qual ainda não compartilho o conforto, já que não me acalma. Prefiro a resposta despretenciosa de um amigo que me disse: “o caminho certo é aquele que você está nele”. Isso me acalmou, pois revelou primeiro que não existe caminho certo e segundo que o caminho certo se faz ao caminhar e que não há outro a seguir a não ser o que se está nele. Mas, mesmo assim, continua a angústia, o não saber, a tragicidade (na qual Nietzsche viu tanta beleza).
Continua a questão, pois ela é de natureza insolúvel. Não há visionário que possa traçar essa tão frágil e instável linha. Eis o grande peso de viver e decidir em busca do equilíbrio na leveza necessária.

junho 09, 2008

Sobre amar

Foto: Elliot Erwit
"Só aquele que permanece inteiramente ele próprio pode, com o tempo, permanecer objeto do amor, porque só ele é capaz de simbolizar para o outro a vida, ser sentido como tal. Assim, nada há de mais inepto em amor do que se adaptar um ao outro, de se polir um contra o outro, e todo esse sistema interminável de concessões mútuas... e, quanto mais os seres chegam ao extremo do refinamento, tanto mais é funesto de se enxertar um sobre o outro, em nome do amor, de se transformar um em parasita do outro, quando cada um deles deve se enraizar robustamente em um solo particular, a fim de se tornar todo um mundo para o outro" Lou-Andreas Salomé (escritora e intelectual -1861/1937).
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>>>>>Leia também: Reportagem da Cult sobre namorados famosos, como Martin Heidegger e Hannah Arendt; Simone de Beauvoir e Jean Paul Sartre e Clarice Lispector e Lúcio Cardoso.

abril 30, 2008

Pesquisa da professora sobre a imagem da mulher no sec.XXI é reconhecida na Europa

Qual é a imagem pública da mulher contemporânea? Quais foram às imagens anteriores que proporcionaram o aparecimento dessa nova? A mulher conquistou uma imagem social emancipada, capaz de possibilitar a experiência da singularidade? Essas são as questões da pesquisa que desenvolvo há um ano*. Para minha satisfação e surpresa fui convidada para apresentar essa pesquisa em Madri, no primeiro Congresso Internacional de Moda da Europa (que acontecerá em outubro). O evento reunirá grandes nomes e conta com a participação do autor que inspirou a pesquisa, o filósofo francês Gilles Lipovetsky, autor dos livros “O Império do Efêmero”; “A Terceira Mulher” e “O Luxo Eterno” .
Analisei mais de 200 imagens desde a pré-história; passando pela Grécia, Idade Média; Renascimento; Modernidade até chegar as propagandas na pós-modernidade. Denominei de “quarta mulher”, a mulher do século XXI que passou por uma série de fases até conquistar uma imagem pública, social e midiática emancipada. Primeiro analisei as imagens de valor místico da pré-história; diabólicas da tradição grega e cristã; maternais e etéreas do Renascimento; ingênuas e manipuláveis representadas pelas Pin-ups americanas e magra e eficiente, representada pelas manequins do séc. XX na sociedade capitalista. E, se por um lado constata-se que a mulher do séc. XX consegue, pela primeira vez na História, constituir um imaginário distante das imposições masculinas, por outro, a sociedade Capitalista cria uma nova série de auto-coerções e controles patológicos. Ser magra; estar na moda; ser bem sucedida e boa mãe. Há agora um acúmulo de condutas eficientes que tornam-se um peso para a mulher, gerando ansiedade, depressão e frustração. E, é a tomada de consciência dessa contradição, que constitui o que denomino “A Quarta Mulher”. Ela nasce da crítica e da constituição de um novo comportamento, mais flexível e respeitoso com as diferenças raciais; estéticas; espirituais; étnicas; culturais e pessoais das mulheres. Trata-se de uma mulher que respeita suas limitações e amplia o conceito de beleza e de realização pessoal para além da aparência física.
* A pesquisa já foi apresentada, na forma de um mini-curso na Academia de Idéias em nov. de 2007 e, na ocasião, o jornal Estado de Minas publicou uma reportagem sobre a pesquisa.
* Estou, mais uma vez, muito feliz por essa conquista, que não é só minha, mas resultado da relação de admiração, apoio e motivação forjada com meus alunos de Divinópolis, da Fumec, da Newton Paiva, meus caros colegas professores, amigos, familiares, do Fábio Caporali, da Cida, da Marialice e de todos da Newton e da UFMG.

abril 19, 2008

Boas notícias no jornalismo: como fazer do cinismo jornalístico um ceticismo criativo

Foto: Jonas Bendiksen, Magnum
O jornalismo contribui para a emancipação das pessoas? Ele é um discurso capaz de mobilizar a ação individual e coletiva? Você se lembra de alguma reportagem que tenha te tocado positivamente? Ao adotar, em quase sua totalidade a negatividade como valor-notícia, o jornalismo contribui para nos motivar? Essas são as questões dessa reflexão aqui proposta. A de até que ponto a visão “crítica”, atrelada, de forma reducionista, a um pessimismo diante da realidade, não se torna um cinismo negligente por parte do jornalismo.
Vale lembrar, aqui, que o “elogio” é uma modalidade da crítica. Esquecido pelos intelectuais brasileiros (e assumido, corajosamente, pelos europeus[1]) o elogio é tido como ingênuo, superficial e comprometido. Assim, quando uma reportagem fala de algo “bom” no Brasil ela é taxada de “publicitária” recebendo uma desconfiança generalizada. Não damos espaço, nem os jornalistas, nem o público dito “crítico” para uma “crítica” no sentido forte. Pois, defendo que apenas quando as coisas positivas tem espaço de emergir, mesmo que no campo das possibilidades (do vir a ser) que efetivamente produzimos a mobilização individual e coletiva. Assim, mesmo um fato negativo pode ser abordado por uma positividade. A jornalista Judy Foster relembra uma reportagem em que tal inversão foi feita:

"Um jornalista de NY foi cobrir um fato em que um homem ateou fogo contra o próprio corpo. Quando chegou ao local procurou a esposa para entrevistá-la. E, para seu constrangimento, ela pediu que não publicasse a matéria, pois não queria que seu marido fosse conhecido como o homem que colocou fogo no próprio corpo. O jornalista, comovido com o pedido, perguntou a ela: como gostaria que seu marido fosse lembrado? Após a pergunta a mulher mudou a feição e começou a relatar ao jornalista o homem maravilhoso, pai e esposo que era seu marido. Revelou a ele que seu marido havia descoberto que tinha uma doença degenerativa e que, por isso, havia cometido o ato extremo. O jornalista, então, escreveu a matéria. E, ao invés de reduzir a notícia a negatividade ele recontou a história da esposa e dos vizinhos. Descreveu a vida daquele homem e o carinho que as pessoas tinham por ele para, desse ponto, revelar as motivações para o ato extremo e seu desfecho".

[1] Das reflexões de europeus célebres destacamos: “O Elogio da Loucura” de Erasmo de Roterdam; “Um elogio do Ensaio” de Albert Camus; “O elogio do Ócio” de Bertrand Russell; “O elogio da razão sensível” de Michel Maffesoli; “Do desespero silencioso ao elogio do amor”, de Soren Kierkgaard; entre outros elogios.

OBS. VOU PUBLICAR O ARTIGO NA íNTEGRA, POSTERIORMENTE > SE INTERESSAREM-se PELA DISCUSSÃO ME DIGAM...

abril 04, 2008

Professora participou de debate sobre a Lei de Imprensa no programa Rede Mídia


A liberdade de expressão corre risco no Brasil?

"A mídia reagiu e o Congresso reacendeu um debate sepultado havia mais de 10 anos. Afinal, precisamos de uma lei de imprensa? Para que serve esta lei? Por que este debate interessa diretamente a cada cidadão brasileiro?
No dia do jornalista, que se comemora neste segunda, 7 de abril, a lei de imprensa é o tema do programa Rede Mídia, que entrevista o jornalista Dídimo Paiva e a professora Isabelle Anchieta de Melo.
O programa é ancorado pelo jornalista José Eduardo Gonçalves e vai ao ar as 9 e 30 da noite, com reapresentação no domingo, as 8 da noite".

março 31, 2008

Quem disse que a Indústria Cultural não é arte?



Quem duvida disso deveria ver/ouvir/sentir a exposição em cartaz no Palácio das Artes* sobre o designer Gringo Cardia. Sabe as capas dos Cds do Skank? Da Cássia Eller? E os cenários do show da Pitty? Pois é, é ele, Gringo Cardia, o designer responsável por essas belíssimas criações. Expostas no museu nos conduzem a estranhá-las como expressões legítimas de arte, já que nos provocam e nos chamam para sua beleza e inusitado. A exposição apresenta maquetes dos cenários dos shows e peças de teatro; clipes e fotos dos CDs e suas capas . É, em si, dinâmica e evolvente como o é a Indústria Cultural. Mostra que, para ser arte, não tem que ter dedinho no rosto (o Pensador!) e dar sono. A cultura audiovisual não é, como alguns pensam, o empobrecimento dos nossos sentidos, ao contrário, é o aguçamento sinestésico deles.

Para saber mais sobre a exposição Gringo Cardia...

março 27, 2008

Glória Reis: a professora que incomodou a Justiça

"O que aconteceu comigo é apenas um caso isolado e não teria grande importância se não resumisse a maneira como se procede com muitos outros além de mim. É por esses que falo aqui, e não por mim."(Kafka, O Processo)

((Revista Época, de 17 de março de 2008, edição: 513))
Por Ruth de Aquino

"Poucos a conheciam até que ela foi condenada a quatro meses de prisão por difamar um juiz. Professora estadual aposentada, Glória se dedica a atender, como voluntária, "adolescentes em situação de risco social". E edita desde 2001 um pequeno jornal em que os presos de Leopoldina, Minas Gerais, escrevem artigos. O crime de Glória foi escrever um editorial contra as péssimas condições da cadeia pública da cidade e a negligência de juízes e advogados."

LEIA A REPORTAGEM COMPLETA

BLOG DO JORNAL RECOMEÇO

março 15, 2008

Comentário em vídeo sobre o evento "As Tramas do Contemporâneo" (Itaú Cultural)

Inauguro, com o vídeo acima, a experiência de comentários de livros, palestras e assuntos da atualidade neste suporte. A idéia surgiu das minhas visitas ao blog do professor de Portugal Rogério Santos.

Inicio com a análise crítica das palestras do evento "As Tramas do Contemporâneo", realizado pelo Itaú Cultural no início do mês de março em São Paulo. O evento contou com a participação de quatro professores da USP: Franklin Leopoldo e Silva; Renato Mezan; José Miguel Wisnik e Teixeira Coelho.

Das questões levantadas no vídeo temos: O que é o Contemporâneo? O que são as tramas da vida moderna e como nós, sujeitos, transitamos por elas? Confira e comente...

Atenciosamente,

março 10, 2008

Sobre a Mulher

Foto: Marc Riboud

"O reconhecimento da mulher como ser inteiro, responsável e livre é de tal modo revolucionário que põe em causa os próprios fundamentos da sociedade"
Simone de Beauvoir
(trecho do livro "O Segundo Sexo")

fevereiro 28, 2008

Convite para assistir o evento "As Tramas do Contemporâneo" (Itaú Cultural)


Queridos alunos e colegas esse é um convite para que participem, virtualmente, do evento "As Tramas do Contemporâneo" (promovido pelo Rumos Itaú Cultural) que irá reunir, de 04 a 07 de março em São Paulo, grandes nomes nacionais. A proposta é discutir "o presente a partir da observação das transformações sociais, espirituais, estéticas, políticas, tecnológicas e psicológicas deste início de século XXI". E, para renovar minha satisfação, retornarei à São Paulo para o evento a convite do Itaú, na condição de selecionada do prêmio Rumos Itaú Cultural de Jornalismo, na categoria professor(a) universitário(a).

Os debates vão ser transmitidos, às 19:30h, ao vivo e direto da Sala Itaú Cultural, pelo site do www.itaucultural.org.br.

fevereiro 23, 2008

Porque a Lei de Informação é importante para os jornalistas e para a sociedade

A atual liminar que suspende trechos e alguns artigos[1] da Lei da Informação revela que o texto de 1967 merece pequena revisão; mas que, em seu conjunto, há significativas virtudes nessa Lei, não só para a profissão, mas para garantir o direito à informação para a sociedade. Tal afirmação parece, a princípio, polêmica, já que muitos receberam com euforia a idéia de sua possível extinção. Tal reação vem, na maioria das vezes, motivada não pela avaliação da Lei em si, mas em sua associação com o período militar. No entanto, mesmo sabendo que se trata de uma questão delicada não podemos nos esquivar de pensa-la acionando o nosso senso reflexivo e crítico. Assim, cabe, antes de tudo, avaliar o que efetivamente diz a Lei de Imprensa e até que ponto procede à afirmação de que ela oferece mais sanções do que direitos aos jornalistas.

PARA SABER QUAIS SÃO OS ARTIGOS SUSPENSOS E CONTINUAR A LER O TEXTO ACESSE...
http://observatorio.ultimosegundo.ig.com.br/artigos.asp?cod=474CID004

fevereiro 13, 2008

Com quantos "nãos" se faz um "sim"


Uma trajetória bem sucedida é feita de uma seqüência desestimulante de “nãos”. A sua repetição pode ser, de tal modo devastadora, que supomos sermos portadores do estigma dos “destinados a perder”. Alguns, realmente, desistem do caminho, em busca de novos mais confortáveis. Mas, como diria meu velho amigo Nietzsche “quem escolhe o atalho perde o caminho”. Na vida só existe um caminho, sair dele, nesse sentido, é por a perder a realização plena do que se “é” e do que se “pode vir a ser”.
Cada vez mais me convenço de que o segredo do sucesso está em uma obstinada persistência, apesar de todos os fatores externos apontarem, negativamente, no sentido de continuar. E, olha que isso não é fácil, requer uma solidão e uma fé de que poucos são capazes. É esse passo para frente onde todos param que define quem é quem. O que distingue os que suportam as mais adversas situações e que se arriscam no escuro quando nada parece indicar favoravelmente. Uma espécie de Tuaregues. Essa imagem é mesmo apropriada, pois para quem não sabe, os Tuaregues são um grupo étnico da região do Sahara e podem ser encontrados em todas as partes do deserto. A palavra árabe "Tuareg" significa "abandonados pelos deuses ou ainda Imouhar(en), Imashagen "os livres". Essa sensação de abandono, de que não há nenhum plano de transcendência além da existência se dá não as custas de um ateísmo, mas de um novo tipo de fé, uma que independe de credo, mas que só pode emergir do próprio sujeito. Eis porque os abandonados por Deus são também os Livres. Pois, ser livre “é ser indiferente às amarguras, as asperezas, as privações, à própria vida; é estar pronto a sacrificar tudo, sem sacrificar a si mesmo. Liberdade significa o instinto alegre de guerra e de vitória” (Nietzsche, p. 89, CI).
A vida, portanto, é luta
. E, tal frase, não é uma mera expressão vazia, mas repleta de uma significativa verdade. Pois, afirma que não podemos parar, que não nos é dado o direito de recuar e que sempre estaremos diante de novos e renovados desafios. Somos seres em estado de alerta, em movimento e a vida nos convida a embates diários.
Assim, defendo, aqui, que a seqüência de “nãos” ou de lutas perdidas são necessárias. Tornam a mão calejada e o espírito atrevido. Quanto mais ao limite for levado o sujeito e com quanto mais gana mantiver-se de pé, sem sucumbir, mais forte torna-se. O que significa contrariar toda a filosofia darwinista que parte do pressuposto que só os fortes sobrevivem. Errado! Só os fracos e obstinados pela força sobrevivem. São os fracos os que se tornam os fortes, pois quem acostumou-se a plenitude da vida é facilmente atingido por um golpe, enquanto o fraco habituou-se as lutas, ao perigo. E, ele, o perigo, "é o único que nos leva a conhecer nossos recursos, nossas virtudes, nossos meios de defesa, nosso espírito – que nos obriga a ser fortes... Primeiro princípio: é preciso ter necessidade de ser forte, caso contrário, nunca se chega a sê-lo” (Nietzsche, p. 89, CI).
É nesse sentido, em que se entende a vida como uma infindável conquista que nos exige a maior força no momento de maior fraqueza, que podemos afirmar que “a guerra educa para a liberdade”

Isabelle Anchieta



janeiro 31, 2008


“O homem está condenado a ser livre. Condenado porque não se criou a si próprio; e, no entanto livre, porque uma vez lançado ao mundo, é responsável por tudo quanto fizer” Jean- Paul Sartre (1964)


Recomeçar. O rito de passagem é muito significativo, pois nos coloca em contato com a nossa consciência, com a nossa capacidade reflexiva. Comecei com a frase de Sartre, do livro O Existencialismo é um humanismo, para lembrarmos da responsabilidade que temos na construção da nossa trajetória. A cada instante somos convocados a nos inventar. Disse Ponge em um belo artigo que “o homem é o futuro do homem”.