maio 31, 2009

Gilles Lipovetsky chega hoje em Belo Horizonte

Gilles Lipovetsky e Isabelle Anchieta

Chega, hoje, em Belo Horizonte o filósofo francês Gilles Lipovetsky. O autor de A Era do Vazio, Império do Efêmero, Luxo Eterno, Felicidade Paradoxal, Tempos Hipermodernos, A Tela Global entre outros estará na capital mineira para participar da XVIII Compós (PUC Minas). O filósofo é também interlocutor da pesquisadora mineira Isabelle Anchieta e estará com ela durante uma semana para orientá-la em sua pesquisa: "A Quarta Mulher" em que trata a mudança da imagem da mulher ao longo da História.

>>>No segundo semestre a professora Isabelle Anchieta está organizando, junto a FIEMG, um Seminário que conta novamente com a presença do filósofo Gilles Lipovetsky. O evento será divulgado no blog em período próximo a data do evento.

maio 19, 2009

AMOR E COMUNICAÇÃO> Me dei conta do quanto o amor e a comunicação se combinam


Me dei conta do quanto o amor e a comunicação se combinam. Se há um e o outro falta, não há a possibilidade do encontro. Comunicar, aqui, não é transmitir um conteúdo, mas trocar. Pressupõe perder algo de si e ganhar algo do outro e vice-versa. Um campo de intercessão (como na matemática), onde algo se preserva, mas algo se perde, formando um terceiro plano, um plano comum. Para chegar nele é preciso perder-se para reencontrar-se nessa zona original, forjada por dois singulares. Constrõem um lócus único, temperado pelo entrelaçamento de duas histórias – reúnem-se ali vivências, pessoas, momentos e memórias. O amor é esse entre-lugar original.
No entanto, hoje as pessoas não querem comunicar, não aceitam perder algo de si para escutar e traduzir as singularidades do outro – por medo de colocarem em questão suas tão confortáveis verdades. Pois, sondar o outro é entrar em uma zona estrangeira, é aventurar-se em um território desconhecido. Muitos preferem confinar-se no conforto de suas supostas certezas a descobrir a dor e a delícia dessa terra encantada que o outro nos apresenta. As pessoas não querem trocar, querem apenas transmitir, unilateralmente, os seus desejos esperando que o outro se encaixe neles. Enunciam aos quatro ventos o que esperam de “uma mulher”, de “um homem”. Quanta bobagem! (se me permitem o desabafo). São essas abstrações simplórias - geralmente recheadas de preconceitos e idealizações sobre o que é uma "boa mulher" ou um "bom homem" - que reduzem a diversidade de todos singulares em generalizações unidimensionais, pobres! São pessoas que trazem uma roupa pronta e querem que o outro caiba naquelas medidas. Mas, o outro nunca cabe (e, que bom!). Porque o outro é sempre sem medida. Porque o outro escapa pelo chamado dos seus próprios desejos. Aprisioná-los é a forma mais rápida de matar o amor, a comunicação, o encontro.
Eis aqui uma exigência do amor: a comunicação. No que tem de entrega, troca e respeito ao desejo do outro.
Por isso, hoje me dei conta do quanto o amor e a comunicação se combinam....
E, como não poderia deixar de lembrar do meu amigo e interlocutor de minhas inquietações...
*
"Ao pensar sobre a possibilidade do casamento cada um deveria se fazer a seguinte pergunta: "Você crê que seria capaz de conversar com prazer com esta pessoa até sua velhice?". Tudo o mais no casamento é transitório, mas as relações que desafiam o tempo são aquelas
construídas sobre a arte de conversar" (Nietzsche)
*

maio 15, 2009

Maitê Proença repercute pesquisa "A Quarta Mulher" da professora Isabelle Anchieta

Maitê Proença e Isabelle Anchieta 

Ontem estive em um debate com a atriz e escritora Maitê Proença. O tema: amor. Mas, para a minha grata surpresa Maitê fez questão de repercutir a pesquisa que desenvolvo sobre as imagens da mulher "A Quarta Mulher" .  Ela lembrou as fases e afirmou que acredita que estamos caminhando mesmo para aquela que defino como a quarta mulher. Uma mulher que está mais preocupada com ser, afrouxando as cobranças, as representações e os estereótipos e que pode, enfim, estabelecer uma relação verdadeira com a vida e com um homem. Ao fim, em conversa informal, ela disse que teve acesso a pesquisa através da jornalista Mônica Waldvogel que esteve comigo em Belo Horizonte para debater a pesquisa no mês de abril (24/04). Nossa! Ontem não dormi direito. Ainda é  surreal pensar os caminhos que a pesquisa está ganhando, a vida e a forma como pessoas interessantes estão se apropriando da discussão. Divido aqui esta felicidade da qual já toquei em postagem anterior: a do amor aos nossos propósitos. E, falando em amor....esse foi o nosso tema ontem.  Na fala de Maitê o amor tem um quê de destemor, de entrega. Dá-se em um tempo necessário de decantação e não pode acontecer em um contexto onde a velocidade atinge todas as esferas sociais (o cinema, a forma de comer, de andar e etc). O amor tem relação com o tempo, não o tempo social, mas o tempo do amor. O amor também aciona os sinos de todas as catedrais, pode nos conduzir a experiência do sublime, mas contém  o sofrimento, a dor. Estar disposto a ele é sua condição, sem pensar em suas consequencias, no seu fim. Uma entrega que pressupõe a queda das máscaras, das represetações e a emergência do humano e de suas contradições. Exige, por isso, mais do que um sentimento forte, mas a compreensão do outro, dos seus desejos, das suas demandas. Em uma de suas crônicas," Amor da minha vida" (a que mais gosto, por sinal) ela sintetiza isso, lindamente, e diz: "Não basta que haja amor para se viver um amor. (...) É preciso me traduzir a cada centímetro do caminho". 


Obs >> Só está faltando eu no Saia Justa (rs, tô brincando...)

maio 10, 2009

Maitê Proença e Isabelle Anchieta discutem Amor e Vida na Academia de Idéias




Quais são os movimentos que movem a humanidade? Ética, amor, fé? No dia 14 de maio a jornalista Isabelle Anchieta e a atriz e escritora Maitê Proença se encontram para discutir a importância do amor em nossas vidas. O amor por nossos ideiais, pelos outros, pelo amante, pela família, pelo conhecimento....Amar é o que dá sentido e força a tudo o que fazemos.

O debate acontece na Academia de Idéias, às 19:30h

Ou ligue>3281-7750

maio 05, 2009

Arrancar a vida


Essa violência necessária. A de arrancar da vida: a vida. Nada de esperar. Não há milagre, dádiva, reza. Chega de ilusões! Mentiras. A vida é de natureza subterrânea, seu alimento se esconde como uma raiz repleta de virtudes que se alimenta no escuro, no solo. Para tê-la é preciso força, desejo e coragem de tomá-la violentamente nas mãos. Arrancá-la e trazê-la a nós. A vida! Ela não é feita de descanso, de paz. Nada de monges que se escondem em sua “paz” tibetana. Escapismo. A vida não pede refúgio. Pede coragem para o sofrimento e a dor necessária. O que simultaneamente nos concede a delícia e o prazer das alegrias e das belezas na experiência. A vida é feita de guerra e de celebração. É luta! Luta para sobreviver a mentira, a falsidade, a falta de caráter, ao comodismo, ao caminho mais fácil e tentador. A zona de conforto, diga-se de passagem, é a mais perigosa. Castra. Inibe. Acalma a vontade, o desejo e retira a nossa maior potência – a da nossa incompletude. Essa falta humana, esse vazio que nos aciona. A alma precisa de estímulos, de propósitos. Confortar-se é retirar o movimento que nos empurra violentamente a diante. Como diria meu amigo Nietzsche “quem pega o atalho perde o caminho”. E, só há um caminho, nele devemos preservar o que somos com dignidade humana. Respeitar o outro sem perder de vista o desejo pessoal. É manter os olhos alertas. A consciência afiada. A verdade em punho, com sua dor e beleza.

Viver. Arrancar. Lutar. Celebrar, na dor, no prazer. Humano, demasiado.