junho 12, 2014

Tentei torcer...não consegui....


Comprei uma linda camisa e esperava, em algum momento, ser tomada por esse sentimento que nos congrega _ a melhor parte da Copa para mim. 
Esses dias, em conversa com um historiador da USP ele lembrava dessa sensação que nos acontece em poucos momentos da vida social, a de estarmos integrados. Cada bandeira na rua, a ausência da timidez em abordar e brincar com o outro, nos oferecia uma irmandade.... Mas, porque esse sentimento não me atingiu?...Acho que uma série de artifícios nos atravessaram: a Fifa, suas regras e mesmo a abertura do evento é um sintoma visual dessa nova "colonização"...Não me sinto representada naquela colagem mal feita de estereótipos. Mas, minha vergonha não se limita a essa imagem, quase infantil, do Brasil. Tenho vergonha dos nossos políticos, dos magistrados (que forçaram a aposentadoria do único Ministro que tentou fazer de fato o seu trabalho). Tenho vergonha do uso político da Copa. Em ter o futebol como prioridade _ sou mais da turma que prefere escolas e hospitais. Que prefere menos a corrupção e mais transparência. Mas, não deixei de me sensibilizar com os brasileiros que tentam torcer e se congregar para além dos artificialismo que se impuseram e que estão sendo, pela primeira vez, desvelados cruelmente. Me impressiona sobretudo a capacidade reflexiva dos brasileiros na crítica da Copa como uma forma moderna do "pão e circo" e me orgulho da tomada de consciência, ainda que tardia _ já que devíamos não ter querido a Copa quando Lula manobrava para consegui-la. Dilma recebeu o ônus do que foi um dia os louros do seu antecessor. E nós estamos diante do desafio de ter a maturidade de separa o joio do trigo...não acho que cabe vaiar a presidenta da república no estádio, nem mesmo quebrar a cidade como protesto. Há de se saber protestar e de mudar o país de forma definitiva. Aconselho seguirem a nova iniciativa do movimento que emplacou o Ficha Limpa e agora tenta vingar uma reforma política #eleiçõeslimpas, organizado por Márlon Reis. Não é quebrando a cidade que demonstraremos a nossa vontade de mudar e as novas prioridades do país, mas criando mecanismos legais que impeçam a corrupção e nos permitam participar do processo político através de formas de representação semi-direta via Leis de Iniciativa Popular, Referendos e Plebiscitos. Teria sido uma boa ideia Lula ter nos perguntado o que queríamos: a Copa ou as Escolas, não acham?
Foto: Samuel Macedo