abril 19, 2008

Boas notícias no jornalismo: como fazer do cinismo jornalístico um ceticismo criativo

Foto: Jonas Bendiksen, Magnum
O jornalismo contribui para a emancipação das pessoas? Ele é um discurso capaz de mobilizar a ação individual e coletiva? Você se lembra de alguma reportagem que tenha te tocado positivamente? Ao adotar, em quase sua totalidade a negatividade como valor-notícia, o jornalismo contribui para nos motivar? Essas são as questões dessa reflexão aqui proposta. A de até que ponto a visão “crítica”, atrelada, de forma reducionista, a um pessimismo diante da realidade, não se torna um cinismo negligente por parte do jornalismo.
Vale lembrar, aqui, que o “elogio” é uma modalidade da crítica. Esquecido pelos intelectuais brasileiros (e assumido, corajosamente, pelos europeus[1]) o elogio é tido como ingênuo, superficial e comprometido. Assim, quando uma reportagem fala de algo “bom” no Brasil ela é taxada de “publicitária” recebendo uma desconfiança generalizada. Não damos espaço, nem os jornalistas, nem o público dito “crítico” para uma “crítica” no sentido forte. Pois, defendo que apenas quando as coisas positivas tem espaço de emergir, mesmo que no campo das possibilidades (do vir a ser) que efetivamente produzimos a mobilização individual e coletiva. Assim, mesmo um fato negativo pode ser abordado por uma positividade. A jornalista Judy Foster relembra uma reportagem em que tal inversão foi feita:

"Um jornalista de NY foi cobrir um fato em que um homem ateou fogo contra o próprio corpo. Quando chegou ao local procurou a esposa para entrevistá-la. E, para seu constrangimento, ela pediu que não publicasse a matéria, pois não queria que seu marido fosse conhecido como o homem que colocou fogo no próprio corpo. O jornalista, comovido com o pedido, perguntou a ela: como gostaria que seu marido fosse lembrado? Após a pergunta a mulher mudou a feição e começou a relatar ao jornalista o homem maravilhoso, pai e esposo que era seu marido. Revelou a ele que seu marido havia descoberto que tinha uma doença degenerativa e que, por isso, havia cometido o ato extremo. O jornalista, então, escreveu a matéria. E, ao invés de reduzir a notícia a negatividade ele recontou a história da esposa e dos vizinhos. Descreveu a vida daquele homem e o carinho que as pessoas tinham por ele para, desse ponto, revelar as motivações para o ato extremo e seu desfecho".

[1] Das reflexões de europeus célebres destacamos: “O Elogio da Loucura” de Erasmo de Roterdam; “Um elogio do Ensaio” de Albert Camus; “O elogio do Ócio” de Bertrand Russell; “O elogio da razão sensível” de Michel Maffesoli; “Do desespero silencioso ao elogio do amor”, de Soren Kierkgaard; entre outros elogios.

OBS. VOU PUBLICAR O ARTIGO NA íNTEGRA, POSTERIORMENTE > SE INTERESSAREM-se PELA DISCUSSÃO ME DIGAM...

3 comentários:

Anônimo disse...

Oi, Isabelle!

Há tempos, não escrevo nada aqui sobre seus textos. Saiba que acompanho o desenvolvimento do seu blog. Quase que diariamente, verifico se tem algum novo texto. Adoro...

Gosto dessa discussão que você aborda aqui. Tenho pensado muito nesta questão da abordagem da negatividade como valor-notícia. É o que vemos comumente publicados nos jornais e revistas de maior circulação. Eu me questiono se há outras maneiras de se falar sobre um mesmo assunto; ou se temos sempre que copiar um olhar repetido, viciado, que se propaga como um vírus de redação a redação.
Acho que entrei em outra discussão...
Mas, de toda forma, interesso-me pelo artigo que você publicará posteriormente.

Beijos,

Geisa Mara

Isabelle De Melo Anchieta disse...

Saudade de vc Geisa,

Saiba que faz parte desse blog. A nossa interlocução sempre me motivou. Não deixe mesmo de escrever. Suas palavras são sempre carregadas de boas interpretações. Quanto a discussão, não acho que se desviou, ao contrário. A negatividade é um vício, e como colocou, um vício da repetição, de não tentar produzir algo diferente e que escape ao que temos na mídia. Falta inventividade, falta criatividade...

Bjs

Anônimo disse...

OI ISABELLE,
NÃO SEI DE VOCÊ VAI SE LEMBRAR DE MIM, ME CHAMO RAFAEL, FUI SEU ALUNO NO 3° PERIDO DE PUBLICIDADE, MAS HOJE FAÇO JORNALISMO. OLHA, UM GRANMDE PAZER TE ENCONTRAR AQUI, SENTI MUITO SUA FALTA QUE VOCÊ SAIU DA FACULDADE. ESTAVA COM SAUDADES DOS SEUS TEXTOS, DA SUA FORMA DE EXPLICAR E DA MANEIRA SIMPLES QUE VOCÊ FEZ COM QUE CADA ASSUNTO SE TORNA-SE. E AGORA ESTOU EU AQUI, APAIXONADO PELOS SEUS TEXTOS, NÃO CONHECIA SEU BLOG E A PARTIR DE AGORA SEREI FREQUENTADOR ASSUDUO!
GRANDE ABRAÇO E MAIS SUCESSO PRA VOCE! GOSTARIA DE CORRESPONDER POR E-MAIL TAMBEM... O MEU É...

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