abril 26, 2013



O título da imagem? "A descida da Cruz". Da artista australiana Lee-Trewartha, em um estilo que nomeou de neo-barroco.
O que acho mais curioso (para além da força das expressões) é como ela combina esse recorte com o título da obra. Prova que, para termos uma imagem completa, basta uma indício para a recompormos mentalmente. Uma expressão que pode _inclusive_ dizer mais do pathos da imagem do que toda a composição (que torna-se, cada vez mais dispensável). Uma operação possível porque as imagens são, acima de tudo, parte (integrante e atuante) da  memória social. De um armazenamento e arquivamento simultaneamente coletivo e individual que nos possibilita produzir e ver imagens cada vez menos literais, mais complexas e inacabadas a medida que o tempo transcorre.

Para conhecer mais o trabalho de Lee: http://www.leeannetrewartha.com/


abril 03, 2013

O que nossa imagem não pode captar

As fotos são uma expressão contraditória do que sentimos. Sempre sorrimos para o flash. Não fazê-lo seria igualmente uma "atuação" às avessas. O que cria uma curiosa sinuca na nossa representação visual. A combinação com o texto é boa nesse sentido, restitui à cena algumas sensações que não podem ser capturadas por esse instante. Nem sempre viajar todo o tempo é bom (ficar longe do seu trabalho, carreira, amigos, cidade, língua). O estado de férias contínuas _o sonho de muitos brasileiros e suas mega-senas_ pode revelar-se para outros o fim dos desafios criativos.  Nem sempre a presença de pessoas significa companhia e amizade. "Detesto quem me rouba a solidão, sem me oferecer a verdadeira companhia" Nietzsche  (que em geral encontro  nos livros, com autores que merecem meus ouvidos e meu tempo). Por isso, encontrar amigos de verdade é tão bom!! Um oásis em meio a uma multidão de pessoas e compromissos. Um pedacinho silencioso no meio de tanto barulho. Onde podemos repousar nossa imagem, mesmo que por um instante, das representações e dos cenários.