julho 23, 2015

Adaptação da Tese "Imagens da Mulher" é selecionada pelo PIC DOCS 2015 BTVP

Greats news !! The thesis "Women's Images in the West Modern" can turn into a documentary series for TV. The International Training Program Documentaries, PIC DOC 2015 organized by BTVP (Brazilian TV Producers) and under the direction of founder of the Sunny Side of the Doc, Yves Jeanneau (France), selected from hundreds of entries only 10 projects. And among them is the proposal for the adaptation of my thesis to the TV. Will do a workshop with these projects because they believe in the potential of internationalization them. Cool no? Imagine the thesis on screen! Would be the realization of a great dream after this long research.
A summary......
IMAGES OF WOMEN IN THE MODERN WEST
LOG-LINE
Researcher along a number of countries to tell the Social History of the Image of Women in the Modern West, from the s photos. XV to the present. A blockbuster that combines contemporary images with different animation features.
EPISODES: 52 minutes each.
SYNOPSIS
With a screenplay adapted from the doctoral thesis of sociologist and professor at USP, Isabelle Anchieta, the documentary series brings modern social history of women's images sec. XV today. The result of eight years of field research abroad through the archives of the German Library, Switzerland, Europe museums Hollywood studios documentary that will follow with the researcher as woodcuts, fine arts, photography and cinema created stereotypes of women. Using a series of digital animation features 3D graphics, mergers and panoramic images of the countries visited, the recorded series dynamism and creativity in every episode.
Awards:
• International: Young Sociologist by global competition organized by ISA / UNESCO, 2014.
• Academic Distinction USP, 2014 _ The thesis received the academic distinction in banking composed by Fernando Novais; Lilia Schwarcz, Massimo Canevacci, Maria Arminda Arruda Birth and Fernando Martins.
Como notícia!! A tese da mulher q imagens no ocidente moderno ja pode virar um docimentário série de TV. O programa de treinamento residency documentários, PIC DOC 2015 organizado pelos produtores brasileiros btvp (TV) e sob a direção do fundador do sol lado do doc, Yves Jeanneau (França), Escolhido de centenas de entradas só 10 projectos. E entre eles está a proposta para a adaptação do TCC para a TV. Vai fazer um workshop com esses projetos porque eles acreditam no potencial de internacionalização. Legal não? Imagine a tese na tela! Seria a realização de um grande sonho depois deste longo da investigação.
Um resumo......

Imagens de mulheres no ocidente moderna

Log-line
Pesquisador em alguns países para contar a história social da imagem da mulher moderna no ocidente, da s fotos. XV para o presente. Um Blockbuster que colija contemporânea com imagens diferentes características de animação.
Episódios: 52 minutos cada.

Sinopse
Com um roteiro adaptado a tese de doutoramento do sociólogo e professor da USP, Isabelle Anchieta, a série docimentário moderna traz história social das mulheres imagens do sec. XV hoje. O resultado de oito anos de pesquisa de campo no exterior através do arquivo da biblioteca da Alemanha, Suíça, Europa Museus Hollywood Studios docimentário que seguirá com o pesquisador como woodcuts, belas artes, fotografia e cinema criado estereótipos de mulheres. Usando uma série de animação digital possui 3 d, gráficos e imagens fusões panorâmica dos países visitados, a série gravada dinamismo e criatividade em todos os episódios.

Prêmios:
• Internacional: Jovens Sociólogo pela concorrência mundial organizado pela UNESCO, 2014. / Isa

• Distinção acadêmica USP, 2014 _ a tese de receber a distinção acadêmica na banca composta por Fernando Novais; Lilia Schwarcz, massimo canevacci, Maria Arminda Arruda Nascimento e Fernando Martins.
Caros, criei a CultDocs: uma produtora de conteúdos especializada em séries documentais e longas direcionada para emissoras de TV. Temos como objetivo promover o intercâmbio criativo e qualificado entre jovens doutores em ciências sociais e profissionais experientes do Cinema e da TV. Nosso diferencial estará na produção de conteúdo reflexivo com estética cinematográfica. Acreditamos que bons conteúdos não precisam ser morosos para serem profundos e que há um público carente e ávido por uma programação desafiadora na TV. Nosso lema é "que todos entendam e que os eruditos respeitem". Se ficou curioso e quer conhecer, acesse:
http://www.cultdocs.com


Caros amigos  divulgo a entrevista que concedi sobre a tese em razão da comemoração do dia Internacional da Mulher no programa "Brasil das Gerais" com a Roberta Zampetti. Foi uma delícia, espero que tb gostem.


outubro 14, 2014

Agência de notícias da USP destaca a distinção recebida pela tese "Imagens da mulher no Ocidente Moderno" e faz um belo resumo do longo trabalho. Obrigada Marina Yakawa, ótima síntese.



outubro 02, 2014

Pesquisadora recebe distinção pela USP na defesa da tese “Imagens da Mulher no Ocidente Moderno”



Com a tese “Imagens da Mulher no Ocidente Moderno” a pesquisadora mineira Isabelle De Melo Anchieta recebeu distinção acadêmica por unanimidade em uma banca composta pelo historiador e professor emérito Fernando Novais, a antropóloga e historiadora Lilia Schwarcz, o antropólogo italiano Massimo Canevacci e os sociólogos Ferdinando Martins e Maria Arminda do Nascimento Arruda pela USP, em 16 de setembro. Na fala final a pró-reitora de extensão e cultura da USP e orientadora da tese, Maria Arminda afirmou: "a pesquisa da Isabelle é de vanguarda. Pós-gênero. Ela é corajosa, valente e nas mais de 300 bancas que estive nunca vi nada igual". 
O reconhecimento trata-se de uma excepcionalidade, já que a Universidade de São Paulo aprovou norma impedindo a distinção das teses. Desde então, o doutorando era apenas aprovado(a) ou reprovado(a). A banca, entretanto, conferiu a candidata a distinção através de um parecer na ata afirmando: “A banca, por unanimidade, destaca a originalidade, o escopo da pesquisa, bem como a sua realização. Sublinha ainda o desempenho da defesa. A banca aprova, pois, a tese com distinção e recomenda a sua publicação".  Além dessa quebra de protocolo da banca, o público protagonizou outra: os aplausos no fim da defesa.
A mineira conquistou também nesse ano outro feito inédito, foi a única brasileira selecionada entre os 8 finalistas na Competição Mundial Jovens Sociólogos promovido pela ISA (Associação Internacional de Sociologia), em parceria com a UNESCO. Isabelle viajou ao Japão em julho para receber o prêmio e apresentar o seu artigo, quando também recebeu elogios da banca examinadora. A professora Ph.D. Emma Porio, executiva da Associação Internacional de Sociologia, disse após a apresentação de Isabelle, "é muito novo o que está dizendo, você propõe uma abertura de mentalidade que há tempos não vejo nos Congressos Internacionais".
Isabelle propõe um neologismo denominado “individumanização” que combina individualismo e humanização. Segundo a pesquisadora foi “a conjugação entre esses dois processos sociais aparentemente contraditórios e que se revelaram interligados durante a pesquisa que denominei “individumanização”. Um termo que nos possibilita entender essa engenhosa dinâmica social que gradativamente amplia os processos sociais de individualização na medida em que aumentam as oportunidades de comunicar nossas particularidades _ humanizando-nos. Assim, contrariando todas as previsões, essa tendência se deu por meio da aceleração da individualização. Conformação que não produziu, como se esperava, o isolamento social (o homo clausus), mas tem ativado uma nova forma de socialização, vínculos, disputas, solidariedades e trocas. Fatos que podem indicar uma nova tendência global nas relações humanas; uma nova forma de identificação e integração, que tem curiosamente como motriz a aceleração da individualização”.
As recentes conquistas da belo-horizontina são fruto de suas pesquisas dedicadas a História Social da Imagem. Tema ao qual se dedica há 8 anos, realizando viagens ao exterior para conhecer pessoalmente as imagens em panfletos noticiosos, manuscritos, quadros e mosaicos. Isabelle visitou conventos, museus e bibliotecas na Itália, França, Espanha, Inglaterra, Suíça, Alemanha, Turquia (Istambul) e Estados Unidos.  “Me dei conta que percebi coisas “novas” no contato direto com as imagens. Em todas as análises há, por assim dizer, conexões inéditas. Por exemplo, demonstro a mútua contaminação entre as imagens das bruxas e das índias tupinambás canibais. No volume dedicado a Maria e Maria Madalena revelo os efeitos imprevistos gerados pela imagem da Virgem Maria ao empurrar as mulheres pobres para a prostituição. Algumas delas serão as primeiras pessoas que não pertenciam a um estrato social elevado a terem um retrato público realizado por grandes artistas da época, ascendendo simbólica e economicamente. Por isso, localizo as cortesãs como as primeiras a entrarem na modernidade, antes mesmo da chegada da modernidade. Irei também conectar as freiras possessas dos conventos a imagem de Maria Madalena. Imitando a suposta prostituta bíblica elas passam de endiabradas a santas por meio dos exorcismos espetaculares e, por fim, demonstro como se dá a formação do estereótipo personalizado e transgressivo das Stars de Hollywood”.     
Isabelle conclui que as mulheres sempre tiveram poder sobre suas imagens. Contrapondo-se a ideia corrente de que o marco dessa autonomia seja a auto-representação e produção de imagens pelas mulheres, a partir do sec. XVII. A pesquisadora também propõe na conclusão dois neologismos. Polimagens e Individumanização.
O primeiro remete a ideia de que uma imagem contém várias imagens que a precedem. Trabalhando com séries, a pesquisadora revela o diálogo entre as imagens, demonstrando as continuidades, sobrevivências e parciais rupturas entre as imagens na longa duração histórica. Para ela a imagem nunca é o ponto zero, elas se citam e se contaminam, estabelecendo diálogos que lhe são próprios.
O segundo, neologismo é segundo ela um processo em curso onde persiste a questão levantada em sua conclusão: “estamos sendo conduzidos a um nível de integração social mais ampliado? Ou será esse mais um ideal contemporâneo? Conseguiremos estabelecer identificações recíprocas mais estendidas, ultrapassando a diferença sexual, as origens e as nacionalidades? Será que esse processo pode conduzir a uma maior pacificação com a configuração de certa unidade humana? Sabemos que há uma série de “travas” persistentes. O preconceito racial, as diferenças entre homens e mulheres, entre etnias e culturas, as desigualdades econômicas e as separações entre os grupos são realidades do nosso tempo.
No entanto, apesar de tantos impedimentos ao processo de “individumanização”, já podemos perceber a emergência de uma nova imagem pública no séc. XXI: a face humana. O rosto tornou-se simultaneamente o símbolo de nossa singularidade e integração à humanidade. Tem papel central, “talvez o mais central”, para a identidade-eu e para a sociabilidade. Vale lembrar que o rosto é um atributo exclusivamente humano. Nenhum outro animal desenvolveu a diferenciação a esse nível. Ele permite que nos identifiquemos mutuamente, mesmo durante nosso processo de envelhecimento. É como se nosso aparato biológico corroborasse para uma segunda natureza_ a social. A dependência do olhar alheio para a nossa existência no singular.O rosto também é a imagem recorrente usada pelas organizações não governamentais dedicadas aos direitos humanos para fazer circular suas propostas nas redes. No subtexto, reivindica-se o direto de todos a uma face humana, independentemente do sexo, cor, idade, etnia e religião. Mesmo a ideia de mulher tende a integrar-se à ideia da unidade humana. As imagens do séc. XXI as vinculam mais a um humanismo prático _associado ao direito_ do que a um feminismo reiterativo”.  

Jornalista e professora

            Isabelle Anchieta possui também mestrado em Comunicação pela UFMG e graduação em jornalismo pela PUC Minas, recebendo o prêmio de Destaque Acadêmico do curso. Como jornalista foi âncora da Rede Globo Minas em Divinópolis e repórter de documentários pela Rede Minas/ TV Cultura.
Em 2008 recebeu prêmio nacional de Jornalismo pelo Rumos Itaú Cultural como professora de Jornalismo Cultural. Tem dois livros publicados “Sete Propostas para o Jornalismo Cultural” (2009) e “Mapeamento do Jornalismo Cultural no Brasil” (2008).  A pesquisadora é também colaboradora das revistas Sociologia e Mente e Cérebro da Scientific American. Seus artigos[1] sobre jornalismo são adotados em disciplinas nas universidades de língua portuguesa como a Universidade de Coimbra, a Universidade da Madeira e a Universidade de Nova de Lisboa, em Portugal e também na Universidade Lusófona, em Cabo Verde.

Isabelle De Melo Anchieta
Email: isabelleanchieta@gmail.com; cel: (031) 9923-1312



[1] Com destaque para a adoção dos artigos: “Jornalismo cultural: por uma formação que produza o encontro da clareza do jornalismo com a densidade e a complexidade da cultura” (artigo premiado pelo Rumos Itaú Cultural, 2008); “A defesa de uma nova objetividade jornalística: a intersubjetividade”(2007); “A notícia como forma de conhecimento segundo Robert Park (2007); “O paradoxal estatuto do conhecimento jornalístico”(2012). 

junho 12, 2014

Tentei torcer...não consegui....


Comprei uma linda camisa e esperava, em algum momento, ser tomada por esse sentimento que nos congrega _ a melhor parte da Copa para mim. 
Esses dias, em conversa com um historiador da USP ele lembrava dessa sensação que nos acontece em poucos momentos da vida social, a de estarmos integrados. Cada bandeira na rua, a ausência da timidez em abordar e brincar com o outro, nos oferecia uma irmandade.... Mas, porque esse sentimento não me atingiu?...Acho que uma série de artifícios nos atravessaram: a Fifa, suas regras e mesmo a abertura do evento é um sintoma visual dessa nova "colonização"...Não me sinto representada naquela colagem mal feita de estereótipos. Mas, minha vergonha não se limita a essa imagem, quase infantil, do Brasil. Tenho vergonha dos nossos políticos, dos magistrados (que forçaram a aposentadoria do único Ministro que tentou fazer de fato o seu trabalho). Tenho vergonha do uso político da Copa. Em ter o futebol como prioridade _ sou mais da turma que prefere escolas e hospitais. Que prefere menos a corrupção e mais transparência. Mas, não deixei de me sensibilizar com os brasileiros que tentam torcer e se congregar para além dos artificialismo que se impuseram e que estão sendo, pela primeira vez, desvelados cruelmente. Me impressiona sobretudo a capacidade reflexiva dos brasileiros na crítica da Copa como uma forma moderna do "pão e circo" e me orgulho da tomada de consciência, ainda que tardia _ já que devíamos não ter querido a Copa quando Lula manobrava para consegui-la. Dilma recebeu o ônus do que foi um dia os louros do seu antecessor. E nós estamos diante do desafio de ter a maturidade de separa o joio do trigo...não acho que cabe vaiar a presidenta da república no estádio, nem mesmo quebrar a cidade como protesto. Há de se saber protestar e de mudar o país de forma definitiva. Aconselho seguirem a nova iniciativa do movimento que emplacou o Ficha Limpa e agora tenta vingar uma reforma política #eleiçõeslimpas, organizado por Márlon Reis. Não é quebrando a cidade que demonstraremos a nossa vontade de mudar e as novas prioridades do país, mas criando mecanismos legais que impeçam a corrupção e nos permitam participar do processo político através de formas de representação semi-direta via Leis de Iniciativa Popular, Referendos e Plebiscitos. Teria sido uma boa ideia Lula ter nos perguntado o que queríamos: a Copa ou as Escolas, não acham?
Foto: Samuel Macedo

novembro 10, 2013

Socióloga brasileira está entre os escolhidos na Competição Mundial organizada pelo ISA (Associação Internacional de Sociologia)/ UNESCO


Com o artigo intitulado “A sociedade de rostos” em que trata da crescente importância da imagem humana_ e sua circulação nas redes sociais_ como uma nova forma de luta por reconhecimento e integração social no séc. XXI a aluna da pós-graduação da USP, Isabelle Anchieta _orientanda da professora Maria Arminda Arruda do Nascimento_ foi escolhida, junto a outros sete doutores e doutorandos, na Sexta Competição Mundial de jovens sociólogos convocada pela Associação Internacional de Sociologia , com apoio da UNESCO . Foram primeiramente selecionados 120 artigos centrados em problemas socialmente relevantes entre pesquisadores de instituições de ensino em todo o mundo, formados há menos de 10 anos. Em seguida 8 foram selecionados sendo a doutoranda a única brasileira. Isabelle receberá menção honrosa durante o XVIII Congresso Mundial de Sociologia que ocorre em Yokohama, Japão, em julho de 2014.
Para a reflexão  Isabelle selecionou, como estudo de caso, o drama das mulheres sem rosto do Paquistão, que sofreram a desfiguração por meio de ácido por seus companheiros e o impacto de suas imagens nas redes sociais brasileiras. Seu objetivo era demonstrar como a violência contra a expressão mais visível da identidade social, o rosto, promove uma comoção que supera fronteiras étnicas, raciais, sexuais e culturais, instaurando a ideia de Humanidade.
Em um trecho afirma: “Trata-se de um processo social que aponta mudanças nas relações de poderes _ em que os indivíduos começam a questionar a soberania dos Estados-nação e inclusive de sua cultura local, em defesa de algo que nos transcende e nos une: a humanidade. Ideia que tem ganhado materialidade e força através de organizações internacionais e na crescente demanda por Direitos Humanos. Dados que indicam um nova tendência global nas relações humanas, uma nova forma de luta por reconhecimento, identificação e integração, que tem curiosamente como motor a aceleração da individualização. Momento em que todos tratam se ser vistos, ouvidos e lidos em um novo ambiente global onde a imagem do rosto passa a ser a expressão mais aguda do direito de individualização. A face parece ser a imagem dessa nova ordem de socialização e integração pós-nacional”.
Atualmente a doutoranda conclui sua tese intitulada de “A Sociogênese da Imagem da Mulher no Ocidente, após a Descoberta da América” para o programa de pós-graduação em Sociologia da FFLCH, da USP. A aluna tem mestrado em Comunicação Social pela UFMG e atuou como professora de Jornalismo Cultural na Universidade Mackenzie/SP, Newton Paiva/BH e como jornalista para a Rede Globo Minas e repórter para a TV Cultura.
• Contatos: 

isabelleanchieta@usp.br
Isabelleanchieta@gmail.com
https://www.facebook.com/isabelleanchieta

outubro 16, 2013

Meu cavalo morreu

Meu cavalo morreu. E, com ele, parte da minha experiência de liberdade. Dizem que são as pessoas que nos formam...Verdade, mas incluiria os animais e os objetos nessa afirmação. Parece estranho?! Mas, creio que minha percepção do mundo está mediada por muitas experiências: a do avião, da fotografia, dos carros, dos livros, das telas....Mas, hoje quero falar do meu branquinho. Não tinha nome, apenas sua cor, um branco manchado (de bolinhas negras). Não que seja a ausência de sua nomeação uma desconsideração da minha parte, mas o reconhecimento de que não podia ser cercado por palavra, arame, curral algum... Era um bicho bravo. “Tinha ardência”, dizia meu pai. Era difícil montar nele, já saia disparado. Se outro cavalo ao lado o ultrapassasse...ai, ai, ai...eu já me preparava...unia forças (não sei mais de onde) e ultrapassava... sempre. Tinha de estar ali: na frente. Cavalgava um espírito nato de um cavalo de corrida. 

Uma vez me jogou em um monte de espinhos, sangrei como nunca. Me levantei, bati em seu rosto e voltei a ele. Não me ofendia: me ensinava a ser brava. O branquinho era assim...não gostava de ordem: gostava de correr. Isso, sim, como gostava...como se eu não estivesse em cima dele querendo o mesmo. Era ele ali, querendo. Uma vontade visceral, sentida, que me liberava do peso do cabresto. Sinônimo de uma experiência rarefeita em minha vida: a de não sentir culpa. A melhor tradução que encontrei para a liberdade. Éramos, assim: dois brincando de sermos livres nesse galope. Separados: unidos. Companheiros em busca desse ar acelerado, desse coração que palpita, desse medo alegre...
Como posso sentir isso sem ele? De verdade, eu ainda não sei...

outubro 15, 2013

Porque os professores deveriam ter o salário de um deputado e o reconhecimento de um jogador de futebol?


Desde o movimento “Não é só por 20 centavos” circula na net uma frase do dramaturgo Bertolt Brecht muito oportuna a introdução deste texto: “Que tempos são estes que temos de defender o óbvio?” 
Nunca entendi porque um professor ganha menos do que um deputado, um senador, um juíz, um promotor de justiça?! Nunca entendi porque tem que trabalhar tanto, repetir aulas acriticamente e não tem tempo para estudar e se aperfeiçoar?! Nunca entendi porque deve publicar artigos de graça em revistas científicas e ainda conceder todos os direitos autorais do seu trabalho intelectual? Nunca entendi porque no final do mês ele quase não consegue pagar suas contas e tem uma vida restrita em todos os sentidos, inclusive culturalmente. Não tem recursos para viajar, comprar livros, participar de congressos ou mesmo oferecer um ensino de qualidade aos seus filhos.
Nunca entendi porque ele não é valorizado por empresários e políticos? Porque sua profissão não é tida como uma profissão? Será que é porque ganhamos trocados em troca do nosso trabalho intelectual? Porque a produção de conhecimento, por ser imaterial, não possa ser quantificada? Ou, porque não estamos no poder formulando as leis e definindo os nossos próprios salários?
A corrupção e o auto-favorecimento levam a uma miopia perigosa, inclusive para os mensaleiros de plantão. Pois, sem o desenvolvimento do país os seus interesses também estão em risco. Um país que não gera riqueza, não é um bom país para ninguém. O ganho imediato, o “tudo para mim”, a falta de princípios conduz a uma cegueira a médio, longo prazo. Lembrem-se do óbvio: são os professores que formam os juízes, os engenheiros, os médicos, os jornalistas, os economistas, os sociólogos, psicólogos... Querem bons profissionais? Teremos de formar bons professores. Um país desenvolvido, rico e autossuficiente é um país que investiu em algum momento nos profissionais da educação.
Um investimento financeiro, claro, mas também social: o de seu reconhecimento ampliado. Pois, como nos lembra o educador Paulo Freire ensinar não é uma mera transferência de conhecimento . Depende de uma relação de integridade, pois é acima de tudo um encontro humano, esse, sim, uma forma de abrir-se a possibilidades...
Mas, infelizmente não é essa a aposta do país, quem sabe seja por esta razão que nos revelamos ao mundo uma aposta frustrada. Uma país que tinha tudo para decolar e não decolou.
No entanto, uma faísca se ascende em meio a neblina: professores e alunos unidos em solidariedade em defesa da educação. Dois grupos que, de fato, podem reconduzir o país para o desenvolvimento e para a formação de princípios éticos.
Creio, sem duvidar, que o fortalecimento deles é o caminho para o bem estar social

julho 17, 2013

Estou indignada com a indignação

Revendo ontem uma entrevista com o filósofo Luc Ferry, percebi o quanto seria oportuno para o país escutar suas palavras nesse momento. Tratava, dentre outros temas, da indignação lembrando que a própria palavra é sintoma do seu mal: crer que somos demasiado dignos e que o outro não o é. A despeito da indisposição do filósofo com a indignação acredito que ela é, até certo ponto, um sintoma saudável de que nosso grau de intolerância ao mal feito continua vigoroso, que nem tudo é relativo e indiferente, que não somos passivos e apáticos. Mas, concordo com o fato de que: “a indignação é um sentimento que se deve saber superar. É preciso passar logo a outra coisa. Deve ser uma pequena faísca, nada mais do que isso”. Essa frase me deixou pensando: soubemos superar a indignação no Brasil? Infelizmente creio que não. Fui uma entusiasta da reação dos brasileiros, mas hoje me sinto decepcionada com a condução do debate, ou melhor das indignações. As pessoas continuam a atacar, mas não a propor. E quando as propostas surgem logo são desqualificadas. Adotou-se uma postura de “recusar por recusar”, como disse sabiamente minha colega, a professora Cicélia Pincer.

Percebi que isso aconteceu com a proposta do Plebiscito. Eu não votei em Dilma e de fato não gosto do que o PT se tornou, mas me surpreendi com a sua coragem, como enfrentou de imediato o tema. Propôs e, ainda assim, foi e é alvo de uma infinidade de críticas, especialmente por ter sido ‘precipitada’, quando na verdade respondia, com respeito e rapidez, aos manifestantes _ ao contrário do silêncio prolongado de Lula no caso do Mensalão. Suas propostas foram enfraquecidas pela série de ataques que sofreu, ficando praticamente isolada (mesmo diante dos integrantes do seu partido).  Com isso, o Congresso se viu desobrigado a atender suas propostas. Ao meu ver o Plebiscito não se reduziria a responder 5 ou mais perguntas, seria uma boa oportunidade para abrir um amplo debate sobre a Reforma Política para o qual os brasileiros demonstram-se preparados e não deixar que as mudanças ocorram a nossa revelia.

Outra proposta de Dilma também foi deformada rapidamente pelos Congressistas, a dos royaltis do petróleo (a presidenta propôs destinar 100% para a educação). “O repasse caiu de R$ 279,08 bilhões para R$ 108,18 bilhões. No caso da educação, o porcentual diminui 53,43%: de R$ 209,31 bilhões para R$ 97,48 bilhões. Na saúde, com a redução de 84,7%, o valor despenca de R$ 69,77 bilhões para R$ 10,7 bilhões” (ES). 

Na Argentina, onde moro no momento, por exemplo, fomos também as ruas em 4 oportunidades, mas Cristina ignorou o movimento, desqualificou-o e nada mudou.  Ainda que os Congressistas tenham também reagido “positivamente” a algumas indignações da rua creio que a boa vontade é esporádica. Para que torne-se contínua é preciso que as pessoas participem do processo político através dos instrumentos de participação direta (Plebiscito, Referendo e Projetos de Lei de Iniciativa Popular).

Sobre esses últimos uma conquista está sendo igualmente desqualificada pelos indignados, a assinatura digital, que tramita para ser aprovada. A PEC “reduzirá para a metade o número de adesões de eleitores necessárias à apresentação de um projeto de lei de iniciativa popular. O total de assinaturas exigido para que um projeto de lei de iniciativa popular possa ser aceito e tramitar no Congresso, segundo o texto, cairia do atual 1% do eleitorado nacional para 0,5% - de 1,4 milhão para cerca de 700 mil pessoas. A proposta abre, além disso, a possibilidade de se coletar assinaturas pela internet, o que tende a tornar-se bem mais fácil levar adiante tais iniciativas. O texto segue agora para a Câmara”. Mas, já há críticas do que dizem que nem todos tem Internet e que isso seria uma medida classista....

Primeiro a assinatura eletrônica não excluí a convencional, pode ser somada a ela. Por isso, não impede que todos que tenham ou não acesso a rede participem e assinem. Não contemplar a eletrônica seria ao meu ver um retrocesso histórico. Temos de acompanhar o nosso tempo, usar as conquistas tecnológicas a nosso favor para facilitar e incentivar a participação direta e semi-direta. Para se ter uma ideia apenas uma (1) Lei de Iniciativa Popular foi realizada no país _ o Ficha Limpa. Prova de que o sistema atual inviabiliza e dificulta a participação. As Leis tem que acompanhar as mudanças sociais, dentre elas incluir o universo digital, que torna-se rapidamente um espaço inclusivo e massivo.  


 Mas, é preciso também mudar a atitude. Ultrapassar o jogo de indingações e barganhas de classe e partidos. Hoje penso o quanto deve ser difícil ter propostas de fato e colocá-las em prática diante de tantos indignados (e interessados). De fato, "temos muito mais necessidade da inteligência e da coragem do que da indignação" Luc Ferry. 

http://issuu.com/urbhano/docs/urbhano_25x35_edicao_09_revisado_we

abril 26, 2013



O título da imagem? "A descida da Cruz". Da artista australiana Lee-Trewartha, em um estilo que nomeou de neo-barroco.
O que acho mais curioso (para além da força das expressões) é como ela combina esse recorte com o título da obra. Prova que, para termos uma imagem completa, basta uma indício para a recompormos mentalmente. Uma expressão que pode _inclusive_ dizer mais do pathos da imagem do que toda a composição (que torna-se, cada vez mais dispensável). Uma operação possível porque as imagens são, acima de tudo, parte (integrante e atuante) da  memória social. De um armazenamento e arquivamento simultaneamente coletivo e individual que nos possibilita produzir e ver imagens cada vez menos literais, mais complexas e inacabadas a medida que o tempo transcorre.

Para conhecer mais o trabalho de Lee: http://www.leeannetrewartha.com/


abril 03, 2013

O que nossa imagem não pode captar

As fotos são uma expressão contraditória do que sentimos. Sempre sorrimos para o flash. Não fazê-lo seria igualmente uma "atuação" às avessas. O que cria uma curiosa sinuca na nossa representação visual. A combinação com o texto é boa nesse sentido, restitui à cena algumas sensações que não podem ser capturadas por esse instante. Nem sempre viajar todo o tempo é bom (ficar longe do seu trabalho, carreira, amigos, cidade, língua). O estado de férias contínuas _o sonho de muitos brasileiros e suas mega-senas_ pode revelar-se para outros o fim dos desafios criativos.  Nem sempre a presença de pessoas significa companhia e amizade. "Detesto quem me rouba a solidão, sem me oferecer a verdadeira companhia" Nietzsche  (que em geral encontro  nos livros, com autores que merecem meus ouvidos e meu tempo). Por isso, encontrar amigos de verdade é tão bom!! Um oásis em meio a uma multidão de pessoas e compromissos. Um pedacinho silencioso no meio de tanto barulho. Onde podemos repousar nossa imagem, mesmo que por um instante, das representações e dos cenários.     

janeiro 15, 2013

“A vida é realizar sonhos e esperar notícias”



Achei isso de uma delicadeza! Confesso que não gosto de desatar as frases de suas origens, sob o risco de perder o pensamento que a sustenta.  Assumindo o perigo de descosturar o bordado tirando essa linha, gostaria de compartilhar a singela frase de Mia Couto. O escritor moçambicano que se consagra como um dos mais significativos em língua portuguesa; Ganhei um livro de uma nova amiga, com um sugestivo título para começar 2013: “Antes de nascer o mundo”. Sempre que posso escapo da tese e corro para umas linhas de emoção e reflexão desinteressada, humana. O livro? A história de uma família moçambicana de homens (dentre eles um pai e os dois filhos) que se exilam para evitar o sofrimento, o afeto e as mulheres. O bonito é que o menino, Mwanito, o nosso narrador, vai vendo o mundo pela primeira vez. E _ como é bom ver o mundo pela primeira vez! Esses entusiasmos... bons de sentir, mesmo que seja na companhia de alguém que conhece e vê algo que nunca havia visto. É como se a reação do outro rememorasse os nossos primeiros espantos. Já na primeira página Mwanito relata: “A primeira vez que vi uma mulher tinha onze anos e me surpreendi subitamente tão desarmado que desabei em lágrimas” (COUTO, p.11, 2009).
Em seguida chega na narrativa a frase que tomei emprestado no título:  “A Vida? Ora, viver é cumprir sonhos, esperar notícias” (COUTO, p.22, 2009). Fez tanto sentido! Cumprir sonho: porque o sentido da vida se realiza (ou não) dependendo de quantos sonhos fundadores conseguimos realizar. Nosso valor é medido nesta régua, a que nós mesmos nos impusemos e não tanto pela forma como os outros nos vêem. Mas, feliz (ou infelizmente), nem tudo está em nosso domínio e boa parte desses sonhos depende dessa espera de um contato, daquele sim! Esperar notícias...essa relação inevitável com o mundo e com os outros para que, enfim, o sonho se organize entre o nosso desejo e o olhar lançado pelo outro sobre nós.
Por essa razão, desejo potência em 2013 para realizarmos sonhos e...boas notícias!

dezembro 25, 2012

Sobre a importância de manter os rituais

Os rituais são importantes, pois param o tempo para que tornemos memoráveis um dia de encontro e de trocas _ reais e, agora, virtuais.
Retiraram-nos do moto-contínuo que nos suga as gentilezas, o cuidado e o olhar atento para os outros,
E, por mais que os rituais igualmente se imponham como uma nova rotina sua função é diversa.
As trocas de afetos, palavras e presentes, ao fim, tem um só objetivo: o encontro.
Preparamos a casa, a comida, escrevemos cartões e compramos presentes,
Mas, sobretudo, esperamos com uma ansiedade alegre os outros chegarem ou se lembrarem de nós.
Criamos um dia especial.
E ele, assim o é, na medida em que as pessoas que valorizamos dispõem-se de seu próprio mundo e nos encontram,
Simplesmente isso: dispõem-se a esse estar junto em presença ou pensamento. 

Esse é o "divino social" que o sociólogo Erving Goffman tão bem conceitua. Há para além da religião formal, uma transcendência que se dá no próprio encontro.
E, quando isso acontece, essa troca nos fortalece: revigora,

Atualiza nossos laços e, assim, o que somos.
Sem os rituais nosso próprio valor se esvazia no tempo com a falta do olhar alheio; sem o cuidado e o conselho de quem amamos. O tempo fica indiferente e perde o que possui de significativo, de humano.

Como é bela essa nossa capacidade de tornar alguns momentos memoráveis. De destacar do tempo contínuo esses espaços para estarmos juntos.
No fundo essa é verdade, que encobre a ilusão do movimento dos mais de trezentos dias de correria e faltas,
Sem a celebração desse encontro a vida perde a paixão que movimenta as demais coisas,
Pois, na verdade a vida é movida pelos afetos,
E, que bom que há rituais em que podemos expressá-los sem pudor e pressa,
Feliz dia com carinho, ternura e saudade dos meus amigos, amigas, familiares e queridos alunos

novembro 05, 2012

"Não se pode ter paz evitando a vida” (VW): entre os novos e repetitivos movimentos da vida

Há momentos que me pego evitando a vida: as pessoas, os encontros, as situações, especialmente as novas. Mas, estranhamente a vida me empurra para essas renovações. Há sempre uma onda, uma revolução se formando logo à frente.
Confesso que evitar a novidade é sempre um dilema para mim. Porque em geral as pessoas idealizam a mudança, o “conhecer pessoas novas”, o exótico... Vivemos hoje a “ditadura da novidade”, das experiências múltiplas. A nossa apólice da felicidade? As fotos das viagens. Não estar completamente satisfeito tendo contato com essas situações parece um contrassenso...
Confesso que também tenho medo de olhar para trás e ver que deixei de aproveitar as oportunidades, de encarar as novidades com mais alegria, de “peito aberto”...
Porque como as vivo frequentemente me pego, em alguns momentos, querendo fugir desses constantes movimentos da vida,
Como se eu quisesse enganá-la, brincando de esconder-me de suas exigências.
E, quando consigo sinto que posso ter enganado a mim mesma...
 “Não se pode ter paz evitando a vida”, como bem nos lembra Virgínia Woolf
Verdade. Quando a evito sinto-me ainda pior, como se assinasse minha incapacidade em viver, minha covardia, minha timidez...
Mas, posso perguntar? Será que a vida encontra-se só nesses movimentos? Há vida nas calmarias?   
Confesso que depois de tantas rotações aprendi a ver beleza na rotina, na casa, no repetir-se. Nos dias de chuva, que não nos exigem a disposição dos dias de sol. Minha poetiza mineira favorita, em um verso, quase uma oração, o diz lindamente: “que nada mude senhor”.

agosto 25, 2012

Im+previsíveis




Im+previsíveis é uma série de 26 documentários que apresentará, em cada episódio, mulheres fora do comum, que tiveram a coragem de romper expectativas, moralidades e estereótipos. Vamos acompanhar a vida de mulheres de bandido; como se vestem as fora de moda; os dramas e alegrias da maternidade de meninas de rua; compartilhar os segredos da vida de amante; ou viajar na companhia de uma mochileira. Acompanhando cada uma dessas personagens, a socióloga Isabelle Anchieta abordará temas polêmicos, emocionantes e mesmo divertidos sobre um lado incomum delas, introduzindo uma pitada de reflexão através da citação de trechos de obras literárias e análises de imagens de arte ligadas a personagem do episódio.
Muito se avançou no debate da condição da mulher moderna, mas há ainda um descompasso da programação televisiva sobre esse novo lugar. Abundam programas de beleza e culinária e poucos tratam da intelectualidade e de formas não estereotipadas de ser mulher. Im+previsíveis é uma série que une reflexão, filosofia, arte e aborda a condição feminina fora de um enquadramento tradicional, respeitando e apresentando as várias formas de ser mulher. 
Um programa que não menospreza a capacidade intelectual da telespectadora e a convida a pensar sua condição fora de um roteiro comum. A série não tem o intuito de julgar, nem tão pouco exaltará as formas tidas como não convencionais de se viver. Sua proposta é antes de mais nada emocional e reflexiva. O que queremos é dar visibilidade as mulheres reais, seus dramas existenciais, afetivos, profissionais com um tom sociológico, filosófico e poético.