março 01, 2009

Sobre a Transitoriedade


"É impossível que toda essa beleza da Natureza e da Arte, do mundo de nossas sensações e do mundo externo, realmente venha a se desfazer em nada. Seria por demais insensato, por demais pretensioso acreditar nisso. De uma maneira ou de outra essa beleza deve ser capaz de persistir e de escapar a todos os poderes de destruição. Pois, um flor que dura apenas uma noite nem por isso nos parece menos bela. É nesse sentido que "o valor de toda essa beleza e perfeição é determinado somente por sua significação para nossa própria vida emocional, não precisa sobreviver a nós, independendo, portanto, da duração absoluta. O que implica dizer que "o valor da transitoriedade é o valor da escassez no tempo". Na medida em que a consciência da "limitação da possibilidade de uma fruição eleva o valor dessa fruição"
(...) "Assim, quando o luto tiver terminado, verificar-se-á que o alto conceito em que tínhamos das riquezas nada perdeu com a descoberta de sua fragilidade. Reconstruiremos tudo o que se destruiu, e talvez em terreno mais firme e de forma mais duradoura do que antes. "

O trecho acima é parte de um ensaio intitulado "Sobre a Transitoriedade" escrito por Freud em novembro de 1915, a convite da Berliner Goetherbund (Sociedade Goethe de Berlim) para um volume comemorativo lançado no ano seguinte sob o título de Das Land Goethes (O País de Goethe).

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