Essa violência necessária. A de arrancar da vida: a vida. Nada de esperar. Não há milagre, dádiva, reza. Chega de ilusões! Mentiras. A vida é de natureza subterrânea, seu alimento se esconde como uma raiz repleta de virtudes que se alimenta no escuro, no solo. Para tê-la é preciso força, desejo e coragem de tomá-la violentamente nas mãos. Arrancá-la e trazê-la a nós. A vida! Ela não é feita de descanso, de paz. Nada de monges que se escondem em sua “paz” tibetana. Escapismo. A vida não pede refúgio. Pede coragem para o sofrimento e a dor necessária. O que simultaneamente nos concede a delícia e o prazer das alegrias e das belezas na experiência. A vida é feita de guerra e de celebração. É luta! Luta para sobreviver a mentira, a falsidade, a falta de caráter, ao comodismo, ao caminho mais fácil e tentador. A zona de conforto, diga-se de passagem, é a mais perigosa. Castra. Inibe. Acalma a vontade, o desejo e retira a nossa maior potência – a da nossa incompletude. Essa falta humana, esse vazio que nos aciona. A alma precisa de estímulos, de propósitos. Confortar-se é retirar o movimento que nos empurra violentamente a diante. Como diria meu amigo Nietzsche “quem pega o atalho perde o caminho”. E, só há um caminho, nele devemos preservar o que somos com dignidade humana. Respeitar o outro sem perder de vista o desejo pessoal. É manter os olhos alertas. A consciência afiada. A verdade em punho, com sua dor e beleza.
Viver. Arrancar. Lutar. Celebrar, na dor, no prazer. Humano, demasiado.
6 comentários:
Demasiadamente humano.....
Fantástico este texto Isabelle. Cada dia me encanto mais com sua personalidade.
Parabéns!
Incrível, sempre parece que você está escrevendo pra mim! ;)
Querida Isabelle,
Que saudade de você!
Como sempre e de um jeito peculiar você "materializou" de forma muito poética a "bravura nossa de cada dia" Essa impetuaosidade que nos enche de coragem a cada novo desafio... Cada um a seu "estilo" arranca vida,desta vida,para transformá-la, para harmonizá-la ou mesmo para torna-la vivida.
Bjos e muita saudade.
Um texto poético e um tanto urbano. No meio da ordem jornalística, o caos vulcânico que traz à tona a poesia. O atalho é, segundo o Judaísmo, o "curto caminho longo" e nosso sonho é o "longo caminho curto". Um abraço da Marilda Mendes.
Isabelle,
Os sentimentos que seu texto provoca são muito fortes. Ter a vida nas mãos! Nossa, esse ato deve ser realmente violento! Pois a vida não é feita de águas serenas e calmas. A não ser para os que insistem em viver nessa zona de conforto que você disse. Uma vida morna, cheia de “mais ou menos”, de “mais do mesmo”, de repetidas e incansáveis falsas verdades. Assumir essa vontade, esse desejo de vida, é uma atitude corajosa! E a força que emana desse movimento é algo inexplicável e grandioso. É o que nos leva a percorrer o caminho sem atalhos.
Abraços,
Geisa Mara
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