maio 05, 2009

Arrancar a vida


Essa violência necessária. A de arrancar da vida: a vida. Nada de esperar. Não há milagre, dádiva, reza. Chega de ilusões! Mentiras. A vida é de natureza subterrânea, seu alimento se esconde como uma raiz repleta de virtudes que se alimenta no escuro, no solo. Para tê-la é preciso força, desejo e coragem de tomá-la violentamente nas mãos. Arrancá-la e trazê-la a nós. A vida! Ela não é feita de descanso, de paz. Nada de monges que se escondem em sua “paz” tibetana. Escapismo. A vida não pede refúgio. Pede coragem para o sofrimento e a dor necessária. O que simultaneamente nos concede a delícia e o prazer das alegrias e das belezas na experiência. A vida é feita de guerra e de celebração. É luta! Luta para sobreviver a mentira, a falsidade, a falta de caráter, ao comodismo, ao caminho mais fácil e tentador. A zona de conforto, diga-se de passagem, é a mais perigosa. Castra. Inibe. Acalma a vontade, o desejo e retira a nossa maior potência – a da nossa incompletude. Essa falta humana, esse vazio que nos aciona. A alma precisa de estímulos, de propósitos. Confortar-se é retirar o movimento que nos empurra violentamente a diante. Como diria meu amigo Nietzsche “quem pega o atalho perde o caminho”. E, só há um caminho, nele devemos preservar o que somos com dignidade humana. Respeitar o outro sem perder de vista o desejo pessoal. É manter os olhos alertas. A consciência afiada. A verdade em punho, com sua dor e beleza.

Viver. Arrancar. Lutar. Celebrar, na dor, no prazer. Humano, demasiado.

6 comentários:

Anônimo disse...

Demasiadamente humano.....

Luslândia Carvalho disse...

Fantástico este texto Isabelle. Cada dia me encanto mais com sua personalidade.
Parabéns!

Ana disse...

Incrível, sempre parece que você está escrevendo pra mim! ;)

Unknown disse...

Querida Isabelle,

Que saudade de você!
Como sempre e de um jeito peculiar você "materializou" de forma muito poética a "bravura nossa de cada dia" Essa impetuaosidade que nos enche de coragem a cada novo desafio... Cada um a seu "estilo" arranca vida,desta vida,para transformá-la, para harmonizá-la ou mesmo para torna-la vivida.

Bjos e muita saudade.

Marilda Mendes. disse...

Um texto poético e um tanto urbano. No meio da ordem jornalística, o caos vulcânico que traz à tona a poesia. O atalho é, segundo o Judaísmo, o "curto caminho longo" e nosso sonho é o "longo caminho curto". Um abraço da Marilda Mendes.

Geisa Mara de Castro disse...

Isabelle,

Os sentimentos que seu texto provoca são muito fortes. Ter a vida nas mãos! Nossa, esse ato deve ser realmente violento! Pois a vida não é feita de águas serenas e calmas. A não ser para os que insistem em viver nessa zona de conforto que você disse. Uma vida morna, cheia de “mais ou menos”, de “mais do mesmo”, de repetidas e incansáveis falsas verdades. Assumir essa vontade, esse desejo de vida, é uma atitude corajosa! E a força que emana desse movimento é algo inexplicável e grandioso. É o que nos leva a percorrer o caminho sem atalhos.

Abraços,

Geisa Mara