Há momentos que me pego evitando a vida: as
pessoas, os encontros, as situações, especialmente as novas. Mas,
estranhamente a vida me empurra para essas renovações. Há sempre uma onda, uma
revolução se formando logo à frente.
Confesso que evitar a novidade é sempre um
dilema para mim. Porque em geral as pessoas idealizam a mudança, o “conhecer
pessoas novas”, o exótico... Vivemos hoje a “ditadura da novidade”, das experiências
múltiplas. A nossa apólice da felicidade? As fotos das viagens. Não estar
completamente satisfeito tendo contato com essas situações parece um contrassenso...
Confesso
que também tenho medo de olhar para trás e ver que deixei de aproveitar as
oportunidades, de encarar as novidades com mais alegria, de “peito aberto”...
Porque
como as vivo frequentemente me pego, em alguns momentos, querendo fugir desses
constantes movimentos da vida,
Como
se eu quisesse enganá-la, brincando de esconder-me de suas exigências.
E,
quando consigo sinto que posso ter enganado a mim mesma...
“Não se pode ter paz evitando a vida”, como bem nos
lembra Virgínia Woolf
Verdade. Quando a evito sinto-me ainda pior,
como se assinasse minha incapacidade em viver, minha covardia, minha timidez...
Mas, posso perguntar? Será que a vida
encontra-se só nesses movimentos? Há vida nas calmarias?
Confesso que depois de tantas rotações aprendi
a ver beleza na rotina, na casa, no repetir-se. Nos dias de chuva, que não nos
exigem a disposição dos dias de sol. Minha poetiza mineira favorita, em um
verso, quase uma oração, o diz lindamente: “que nada mude senhor”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário