
Dez anos. Essa é a conclusão da pesquisa do inglês Malcolm Gladwell em seu recente livro
Outliers (Ed:Sextante) que chega ao Brasil em dezembro.
Sua maior curiosidade era a de entender porque algumas pessoas fazem sucesso, são reconhecidas e outras não. No livro demonstra que todos os grandes gênios (como Bill Gates; Einstein; Pelé; Machado de Assis; Obama e Madona) levaram cerca de 10 anos para serem o que são. “O que são dez anos? Bem, é mais ou menos o que se leva para obter 10 mil horas de prática (cerca de 20 horas semanais). Dez mil horas é o número mágico da grandeza”.
Para ilustrar diz que Bill Gates só se tornou um milionário aos 20 anos porque aos 13 foi estudar em uma escola privada de Seattle em que havia um raríssimo terminal de computador. Aos 16 passava 30 horas por semana escrevendo seus próprios programas. Quando fundou a Microsoft tinha 10 mil horas de treino de programação.
Os Beatles, tinham mais de 1.200 apresentações antes de se tornarem um sucesso. Einsten aos 16 anos já era obcecado pela natureza da luz. Interessava-se apenas por física, matemática, filosofia e violino. “Tudo o mais era tédio”, afirmava. E sempre perguntava a quem conhecia: “O que é a luz?”. A questão central de sua vida o levou aos 26 anos a conceber a teoria da relatividade, tornando-se a maior referência mundial quando o assunto era a luz.
Madona continua a fazer sucesso aos 50 anos. Isso porque a cada ano “inventa um rosto, um estilo e uma música diferentes. Além da intuição e marketing, trabalho duro. Para a excursão mundial deste ano, se preparou com oito horas de dança por dia. Quem faz isso? Resultado: tem nove prêmios Grammy, dois Oscars vendeu 280 milhões de discos e sua fortuna está estimada em US$ 1 bilhão e é a artista mais bem sucedida do mundo. Não é acidente”.
Mas, você pode indagar: quem tem condições de se dedicar 20 horas semanais a um projeto que lhe é caro? O autor responde que há, realmente, uma série de fatores que devem somar-se para a produção de um grande gênio. Ou seja
“se não houver um entorno protetor e uma situação adequada, mesmo a pessoa mais genial pode ser tragada pela vida sem deixar vestígios”. Machado de Assis, por exemplo, era apaixonado por livros, quase foi demitido de seu cargo na Imprensa Nacional, por não parar de ler. Contou, para isso com a apoio da esposa Carolina, uma mulher compreensiva ao emprenho do marido à literatura.
Pelé por sua vez contou com o incentivo do pai, centroavante profissional, para que desde cedo aperfeiçoasse a técnica e treinasse mais do que todos os seus colegas.
Bill Gates formou-se em caras escolas financiadas pelo pai, o mesmo aconteceu com
Einstein, filho de um industrial e que teve amplo acesso à melhor educação européia. Moral da história:
“Ninguém _nem o astro de rock, nem o atleta profissional, nem o bilionário do software, nem o gênio, chega lá sozinho”, segundo Gladwell.
>>>O que as pessoas geniais nos ensinam:
1) Não existe sucesso sem trabalho duro, por toda a vida,
2) O entorno é fundamental. Não existe sucesso sem apoio de um companheiro, da família ou de uma comunidade,
3) A adversidade na infância ou a noção de valor aprendida com pais austeros é presença constante na história de pessoas de sucesso. Mimados, ao que parece, não vão longe,
4) A prática que produz a excelência leva tempo. Antes de aparecer para o público a pessoa passa anos no anonimato, construindo,
5) Tenacidade. Pessoas que não se abatem com facilidade. Distinguem-se por seguir em frente apesar das (inevitáveis) decepções,
6) Conte com a sorte, (Utilizei para a postagem informações da reportagem de Ivan Martins "O Doutor Sucesso", Revista Época, 24 nov. 2008. Comentário sobre a reportagem> Ao ler a reportagem tive a impressão contrária a destacada na capa da revista em que havia a valorização do fator "sorte" quando na verdade a reportagem apontava no caminho contrário. As 10 mil horas, ou as 20 horas de dedicação semanais em um projeto ou idéia revelam que há um investimento de longo prazo na conquista do reconhecimento social. Outro elemento instigante da pesquisa do inglês está em identificar que há um elemento obscurecido pela idéia de que o sucesso está no talento individual ou na sorte: o entorno. Ou seja, se a pessoa não tiver o apoio do companheiro, as condições necessárias para estudar (ora promovidas pela família, ora por políticas públicas de acesso) não há como ter sucesso. O sucesso é uma construção coletiva e uma aposta que depende também de uma obstinada vontade de seguir quando tudo aponta na direção contrária).