
julho 07, 2010
ALMA IMORAL> A Alma Imoral


junho 13, 2010
Alunos da Univ. Lusófona de Cabo Verde (África) repercutem artigo da professora

Abaixo o link:
http://comunicare2009.blogspot.com/2010/06/sobre-autora-de-defesa-de-uma-nova_07.html,
Desde já meus sinceros agradecimentos,
Att,
Isabelle Anchieta

maio 15, 2010
LIBERDADE E ESCOLHAS> Sobre a liberdade e o fracasso de estar diante dos caminhos possíveis


abril 25, 2010
Grace Kelly: uma imagem precisa e poética


abril 12, 2010
A RUÍNA> O homem como ruína: a trágica dinâmica entre a criação e a destruição de nossas vidas

Criamos. Desejamos. Vencemos os limites e todas as forças da natureza. Planejamos. Construímos pontes. Atravessamos. Mas, somos defraudados. Desmoronam as casas. Decompõe-se o metal, a vegetação cresce em volta das paredes. A enxurrada leva nossas conquistas. Quem vence? Nossa vontade de planejar nosso destino ou a natureza? Quem vence? Nossos sonhos ou a frustração de um imprevisto que o Outro nos impõe, amargamente? Queremos, nem sempre podemos. Desejamos e frequentemente a realidade nos toma, nos sequestra os sonhos. Tinge de preto as cores do imaginário. Saímos de uma linda casa para habitar uma prisão. De uma linda vista, para o nada: uma parede. A vida às vezes é uma colisão entre a nossa vontade e a dela. Somos impotentes diante da altura de sua voz. Calamos. Deixamos ruir o que construímos impassíveis, aterrorizados.
“Na nossa alma as forças constrõem ininterruptamente. E, ininterruptamente elas são quebradas, desviadas, rebaixadas pelas outras forças que atuam em nós” (SIMMEL, p.). A alma nunca alcança a vitória decisiva. Mas, “o ritmo inquieto da alma não admite o estado definitivo” da destruição. Cria, cria, desesperadamente, pois não pode admitir que a natureza nos tome, nos aniquile. Do contrário seria suicidar-se em vida. Admitir passivamente a derrocada. Ver ruir a casa, sem tentar ao menos retirar os móveis, o álbum de fotos.
E é na ruína onde se manifesta a forma mais latente e gritante entre o que quer e o que não pode ser. E como um pedaço do que não é mais, a ruína integra-se ao ambiente. Uma espécie de vontade da natureza de contrariar a vontade humana e reintegrar, assim, o edifício a paisagem. Uma vingança a violação que a nossa vontade impõe a natureza. E, é na decomposição e no crescimento da vegetação que aos poucos a ruína une-se a paisagem e torna-se, assim, como uma árvore ou uma pedra mais um elemento do horizonte, ao contrário do que acontece com a cidade, com a vila e as casas que ficaram intactas e claramente distintas da paisagem. A natureza nos toma de assalto. Rouba-nos a vontade.
Essa é a trágica dinâmica da vida: entre o sonho e a desilusão, entre o planejamento e o imprevisto, entre a vontade do espírito e a força da natureza. Mas, o trágico não deve ser tomado como algo necessariamente ruim, como bem insistia Nietzsche em o “Nascimento da Tragédia”. Na sua origem, no teatro grego, o trágico referia-se sempre a um final imprevisto. Podia ser ruim, bom, inconcluso, como a vida. O trágico refere-se, assim, a pulsão da vida, a sua imprevisibilidade e nisso a sua força. Pois, em alguns momentos a mudança de rota que a vida nos impõe produz resultados ainda mais belos do que os que planejamos – e geralmente é isso que ocorre. Nesse resultado há, enfim, o casamento da nossa vontade com a natureza. Uma unicidade, um encontro de uma força estética única. Pois é na ruína, como símbolo e resultado do embate entre a “aspiração ao alto e a queda para baixo”, que se dá a reconciliação do homem com a natureza. A “volta para casa”. Observem como a ruína produz uma sensação de paz...Uma espécie de “harmonia misteriosa” que torna tudo mais belo, mais sentido, ou se preferirem, mais humano. Ao fim, o homem é uma ruína. Pois nele também está a natureza, e com ela a sua luta e sua reconciliação. Porque “o que constitui a sedução da ruína é que nela uma obra humana é afinal percebida como um produto da natureza” (Simmel)

março 26, 2010
COERÊNCIA E INCOERÊNCIA> O sentido da vida: entre a coerência e a incoerência

“O sentido de coerência lógica ou teleológica tem poder sobre os homens em todas as partes, mais do que qualquer outra força da cena histórica” (Max Weber, in:Considerações Intermediárias, p. 318).
Pois, mesmo os ricos, aparentemente tidos como os “felizes” precisam justificar sua felicidade, dar a ela um sentido. O movimento protestante, como bem comprovou Weber, nasce exatamente como uma tentativa da nova classe burguesa de ficar em paz com seu enriquecimento, de justificá-lo. Assim como os pobres, que precisam de uma explicação para suportar seu sofrimento, mesmo que seja a promessa de um paraíso após a morte. Assim, ou no "aqui agora", para os ricos: ou no "para além da vida" para os pobres, a existência precisa justificar-se, ter sentido, coerência.
É nesse sentido que tanto a religião, como a ciência são, ambas, formas de racionalizar o mundo, de dar a ele uma coerência, uma resposta. Temos de nos agarrar a algo, temos de acreditar que não é em vão a nossa existência.
Mas, há ainda outra posição, que não é nem a do cientista, nem a do crente. Qual seja? A do homem, mulher que assumiu a incoerência do mundo. Daquele que a princípio está consciente que na vida não há mais do que sentidos provisórios, históricos e repletos de valores e morais. Aquele que assumiu que não há verdade, não há sentido. Nem crente, nem cientista, mas um niilista. Um descrente. O cético.

fevereiro 01, 2010
GENEROSIDADE DA VIDA> Sobre a generosidade da vida


janeiro 20, 2010
SOLIDÃO > A solidão do artista

É uma solidão de um tipo muito especial que Milan Kundera já havia descrito em seu romance: a do "olhar do público"(ILS,p.271). Para isso a imagem do palco é perfeita> ali o artista está sob o olhar distante e invasivo da platéia. Muitos o observam, poucos o conhecem.
Por essa razão será sempre uma fraude. Pois atrás de toda a imagem pública e de sucesso há um fardo: o do défcit entre a expectativa do público sobre uma atuação linear e previsível e os limites e contradilções do ator social. Para manter sua imagem, frequentemente, esconde-se com medo de ser defraudado, desmascarado e porque não: humanizado. Adélia Prado aconselhou uma vez que: "o público nunca deveria aproximar-se ou conhecer seu escritor senão por meio de sua obra". Tal conselho deu-se durante uma palestra para poucos convidados, momento em que externalizava seu incômodo de estar ali, tão próxima dos seus leitores. Em um texto transforma sua vulnerabilidade em poesia: "A edilidade vai me ovacionar. No entanto, se me escavarem, nada encontraram. A não ser desejo, quase ingratidão" (Menina aprendiz)

janeiro 04, 2010
PERSISTÊNCIA> Mais uma vez

Essa letra já fez sentido em minha vida uma vez e novamente o faz. Mas, agora ela ganhou uma leveza e uma compreensão que não possuia da primeira vez. Com essa constatação perecebo que estou mais forte. Pois, cada ruptura que passo em minha vida funciona como um rito necessário. Confio, como nunca, na generosidade da vida, mesmo quando estou diante de grandes perdas, ou melhor, é justamente nelas em que percebo sua maior grandeza. A vida nos afasta do que não nos serve mais. Há as vezes uma grande violência nisso, como se uma criança perdesse um dedo, amputado por uma porta. Desses sofrimentos que nos parecem inexplicáveis, cruéis demais para qualquer explicação, para qualquer consolo. A vida tem suas cruezas, mas são nelas em que estão as nossas grandes e fundamentais mudanças. Há um incômodo nisso, um luto, um distanciamento do mundo, como se assistíssemos chocados a nossa rotina e estranhessemos o repetir sem sentido de nossas vidas. É o para que! É o absurdo que nos bate a porta e nos faz questionar nossa vida em sua totalidade, em sua utilidade. Mas, hoje não tenho um tom choroso ao refletir sobre essas coisas. É leve, seguro.
Por isso, a perda de hoje me deixou mais forte, mesmo que essa força se dê as custas de uma solidão, de um isolamento. Quem sabe o dramaturgo norueguês Henrik Ibsen tenha razão quando sentenciou que o fim de homens e mulheres que decidiram ser fiéis a si é a solidão. Dizia ele, na peça "O Inimigo do Povo" que "o homem mais forte é o que está mais só".
Minha solidão pessoal, evidentemente, não é extrema, tenho clareza disso. Tenho ao meu lado pessoas nobres, dignas de minha admiração. Nelas sinto o ar mais puro, a mente mais livre, o corpo entregue em confiança, essa palavra: confiança, quero repetí-la mais uma vez na esperança que se fixe...esse sentimento tão raro, tão nobre de que poucos são capazes.

dezembro 16, 2009
Universidade Newton Paiva repercute aprovação da professora no Doutorado de Sociologia da USP

por Indhiara Souza
Isabelle Anchieta é jornalista e mestre pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e professora no Centro Universitário Newton Paiva. Ela acaba de ser aprovada no doutorado da USP. Passou por seis etapas, de avaliação do currículo a prova de idioma. Enfrentou uma banca de cinco doutores para defender sua pesquisa “A Quarta Mulher”, conhecida e admirada por alunos e professores da Newton. Aqui ela fala desse desafio, que representa um novo momento em sua carreira.



dezembro 04, 2009
Professora é aprovada no Doutorado em Sociologa da USP para desenvolver sua pesquisa sobre as Imagens da Mulher

Nesse período a minha coordenadora de curso, a querida Cida, convidou-me para fechar o semestre com uma palestra privada para os professores. Foi super bacana poder dividir com os colegas meu trabalho. Uma oportunidade que a Cida me ofereceu, generosamente, de aproximar-me de colegas que não tinha, até então, muito contato. Um voto de confiança.
Quero relembrar com carinho também o apoio de colegas, professores, em substituições, para que pudesse me ausentar para cumprir as atividades atreladas a pesquisa (agradeço especialmente ao Marcelo, a Sônia, a Carla e ao Agnaldo "Isa 2", rs). Além, claro, da compreensão dos meus alunos, que sempre me apoiaram, acima de tudo.
Disso tomei coragem e me inscrevi em um Congresso Internacional, indicado por uma colega e amiga, Carla Mendonça (doutoranda em Moda pela UFMG). Me inscrevi com dois trabalhos: “A quarta mulher” e “Laboratório de Moda Brasil” projeto que deselvolvi com minha mãe a designer de moda Adrienne Rabelo (que foi adaptado para se tornar uma série para a TV). Para a minha surpresa os dois projetos foram selecionados. Apenas 10 pesquisadores do mundo foram escolhidos para a apresentação oral e estávamos entre eles. Um orgulho! Não tínhamos condições de viajar a Madri. Mas, como diz minha mãe “a vida não dá asas a cobra, mas dá condições de vôo” conseguimos que a FIEMG (Federação das Indústrias de Minas Gerais) patrocinasse a nossa ida depois de várias reuniões com a querida Fernanda Cotta que apostou em nosso potencial para representar o estado de MG no 1º Congresso Internacional de Moda e Cultura em Madri. Fomos. E lá o convidado especial era nada menos do que o filósofo Gilles Lipovetsky. Sua obra A Terceira Mulher, foi o ponto de partida da minha pesquisa e queria muito ter a oportunidade de entrar em contato com ele. Mas, nem nas minhas mais otimistas expectativas poderia prever o que aconteceria lá: tornamos-nos grandes amigos. Ele foi super acessível, simpático e discutimos longamente sobre a minha pesquisa durante os intervalos. Ele vinha nos chamar (eu e minha mãe) a todo o momento para lhe fazer companhia. Trocamos emails e iniciamos uma intensa interlocução sobre a pesquisa. Em junho mais um presente da vida. Lipovetsky foi convidado pela PUC MG e daria uma palestra em BH!! Acreditam? Ele veio, ficou hospedado na casa de minha mãe, não quis ficar em um Hotel. Foi ótimo e tenso (confesso). Tenso antes de chegar, com os preparativos para recebê-lo e maravilhoso após sua chegada. Ele é simples, humano e foi super generoso comigo. Lembro-me das manhãs na varandinha da casa de minha mãe, discutindo sobre a pesquisa, fumando um cigarro, tomando cerveja e escutando bossa-nova. Ele ficava horas no computador levantando os livros que deveria ler e me recebia pela manhã com a frase: a noite estive pensando sobre a sua pesquisa e... seguido de dicas e comentário. Foi especial! Me deu força, segurança. Estava falando de igual para “igual” com Gilles Lipovetsky. Pelo menos foi dessa maneira que ele se portou comigo. Chegávamos a discutir e discordar sobre vários assuntos. Ora ele cedia, ora eu. Uma delícia! Como devem ser as interlocuções na academia. Uma aula.
Disso vieram vários convites para dar entrevistas. Em cada uma tinha a sensação que estava sendo preparada para algo maior. Uma espécie de teste. Ora ao vivo em 5 minutos (com a querida jornalista Sandra Gomes na Rede Minas, que participou dos meus cursos), ora em uma hora de duração, sabatinada por três jornalistas, Beth Barra (Hoje em Dia), Jemelice Luz (da União Brasileira de Mulheres) na Sala de Imprensa da TV Assembléia, convidada pela produtora e eterna amiga Danielle Langsdorf. E, em um bate-papo super gostoso na Rádio Itatiaia, aproximando a pesquisa da vida cotidiana das mulheres no programa Observatório Feminino com Maria Cláudia Santos, Mônica Miranda e Kátia Pereira.
Neste ano, em abril, Alexandre, da Academia de Idéias, me convidou a repetir o curso e pediu que sugerisse um nome de peso para debater comigo o assunto. Logo pensei: Mônica Waldvogel. Ele ficou surpreendido, pois já havia iniciado um convite a ela para dar uma palestra. Ela aceitou. Leu minha pesquisa, foi uma honra para mim. Nos encontramos antes da palestra em um almoço privado que reunia grandes nomes mineiros entre mulheres e homens. A Mônica foi perfeita e também super generosa. Elogiou a pesquisa e a necessidade que esse conhecimento fosse ampliado para todas as mulheres. Um momento especial que se repetiu no curso. Sintonizamos. O debate foi rico. Me senti no sofá do Saia Justa, rs. Depois disso trocamos emails e iniciamos uma rica interlocução. Passado duas semanas, novo convite: mediar um debate com Maitê Proença que viria lançar seu livro em BH na AI. Fui. E, ao fim da palestra ela me surpreende contando a todos sobre a minha pesquisa (que a Mônica havia comentado).
Não demorou muito e recebi um email da produção do Saia Justa me convidando para dar uma entrevista sobre a pesquisa. Nossa!! Tive a perfeita consciência que as entrevistas anteriores me prepararam para esse momento. Uma entrevista em um canal nacional> GNT. Elas dedicaram todo o segundo bloco a minha pesquisa e a debateram com muita consideração e inteligência (só senti a Betty Lago não estar no dia).
Para consagrar o caminho da pesquisa fui convidada pelas coordenadoras Cida e Marialice, para abrir a Semana da Comunicação da Newton Paiva (pela manhã e noite com a minha pesquisa). Uma honra. No auditório tive, pela primeira vez, grata oportunidade de apresentar para meus alunos o trabalho. Foi especial. Emocionante, pois o público eram eles: meus queridos companheiros do conhecimento. Foi a minha mais forte exposição, de todas, a que mais me marcou.
Depois senti que era o ano do doutorado. Meu desejo: fazer a pesquisa na Sociologia, já que minha pesquisa estava muito inserida nesse campo de conhecimento. No entanto, tentei tb na Filosofia, por minha identificação com Nietzsche (passei na prova teórica, para a minha surpresa e fui reprovada em francês) tentei na Comunicação na UFMG e meu projeto foi rejeitado (para minha decepção, pois os professores da casa conheciam meu trabalho, o que muito me estranhou...) e, por fim, quando já estava cheia de receios e inseguranças ia me submeter à última e mais importante e rigorosa seleção, onde não conhecia nenhum dos professores: Sociologia da USP. Foram seis duras etapas: avaliação do currículo, avaliação da produção acadêmica (livros, artigos publicados e participação em Congressos), avaliação do projeto, língua (francês), banca com cinco doutores (que foram muito duros e me instigaram a defender minha pesquisa, me despiram e me exigiram autenticidade: adorei) e por fim, entrevista com a orientadora. Resultado: APROVADA!!! Nossa, percebem como a vida não me deu outra opção e conduziu a escolha atrelada ao meu desejo? Incrível! Me deu a coragem necessária em ter de tomar decisões difíceis que se seguem, mas que concorrem para o meu crescimento: parar de dar aula na Newton Paiva (uma instituição que guardarei com extremo carinho pelo respeito que tiveram comigo); abandonar o convívio com meus alunos, que tanto me reconhecem, me alimentam de vontade e me respeitam; abandonar BH e minhas Serras, ficar longe da família e dos amigos, e ir para SP começar essa instigante etapa de renovação e crescimento. Eu e a vida, dançando embaladas pela potente e emocionante música que tem como tema meu propósito de vida...Agora, no entanto, conto com um par, que tem dedicado toda a sua vida, o seu apoio e o amor necessário para que possa dançar essa música; meu noivo: Juan. Meu eterno companheiro que chegou em perfeita harmonia nesta dança, me ensinando os novos passos da "sustentável leveza do ser".
Por fim, quero dedicar meu respeito, carinho e amor a cada aluno, colega, amigo, familiar, pois eu não teria a força ética, a vontade e o desejo de ir em busca dos meus propósitos de vida se não estivesse revestida e motivada pela consideração, respeito e oportunidades que me ofereceram.

novembro 11, 2009
COMPETIÇÃO> O caso Geisy: falso moralismo encobre competição feminina

Mas não me importei com isso
Eu não era negro
Em seguida levaram alguns operários
Mas não me importei com isso
Eu também não era operário
Mas como tenho meu emprego
Também não me importei
Agora estão me levando
Ninguém se importou comigo.

setembro 29, 2009
setembro 23, 2009
Escrever: uma engenharia poética de unir e atravessar


setembro 06, 2009
Professora concede entrevista de sua pesquisa na Rádio Itatiaia para o Observatório Feminino

O programa vai ao ar hoje 6:30h ou 12:30h na rádio Itatiaia

julho 23, 2009
Vídeo de Isabelle Anchieta no Saia Justa (GNT) tema: "Quarta Mulher"

julho 08, 2009
junho 26, 2009
SAIA JUSTA> Isabelle Anchieta no Saia Justa (GNT)


junho 20, 2009
DIPLOMA JORNALISMO> Fim do diploma de Jornalismo: fim da liberdade de expressão mediada por comunicadores competentes, risco para democracia

junho 06, 2009
Sobre encontros que transformam nossas vidas: o filósofo Gilles Lipovetsky e a pesquisadora Isabelle Anchieta em Belo Horizonte
"Há encontros em nossas vidas que a transformam completamente" a frase dita por Lipovetsky ilustra bem nosso encontro. Pensar que tudo começou através da leitura de uma de suas obras ...Naquele livro, que tratava sobre a mulher, me deparava com um grande filósofo contemporâneo e suas idéias que se materializavam e se limitavam, supostamente, ao livro que tinha em minhas mãos. Desse primeiro encontro virtual um conjunto de idéias irrompiam, sendo capazes de gerar a energia suficiente para a produção da minha própria pesquisa (que em parte contradiz algumas concepções de Lipovetsky). Do nascimento dela um conjunto de movimentos silenciosos se organizavam para gerar mais uma sequência de ações inesperadas. Fui selecionada para apresentar (com outros 10 pesquisadores internacionais) o meu trabalho "A Quarta Mulher" em Madri, em outubro de 2008. Quem estaria lá? Gilles Lipoetsky. Pois é, foi assim que ele, enfim, conheceu minha pesquisa e se interessou pela forma como conduzi e até contradisse suas perspectivas. Desse ponto uma intensa e rica interlocução se travava entre eu e Lipovetsky. Após quase um ano, foi a vez dele vir ao Brasil, em Belo Horizonte para a Compós (06/2009) e hospedou-se na casa de minha mãe. Digo isso, porque o convívio me ensinou novas e diferentes coisas. Aprendi que para pensar não temos de ser ranzinzas - ele não o é, é divertido, leve, brincalhão. Aprendi que "prazer é tempo": para tomar um café, fumar um cigarro, ler, ficar na varanda tomando o sol de outono e escutando bossa nova. Aprendi que pensar pode acontecer a dois e não só de forma solitária. Pois, todas as manhãs ia até lá e conversávamos longa e entusiasmadamente sobre a minha pesquisa. Me espantei com sua generosidade em me apresentar novas e ambiciosas questões. Quando chegava ele me dizia alegre: ontem a noite estava pensando sobre sua pesquisa e tive uma outra idéia...seguida de indicações de livros que não li. Traçamos, juntos, um plano de estudos para os próximos 4 anos da minha vida. Mas, o que pode parecer o adiamento do sonho é para mim sua consolidação. Um oceano apresenta-se desde então. Mas, estou excitada para começar essa viagem, em parte nova, mas em parte segura já que tenho, agora, um co-piloto que me oferece mapas e sugere a navegação.
Uma noite, em especial, me marcou. Voltávamos de um encontro com alunos do mestrado na PUC e ia deixá-lo na casa de minha mãe quando ele me perguntou se me importava, antes, de caminhar um pouco pelo bairro. Temi por nossa segurança, já era tarde, mas fui. Acho que há anos não fazia isso. Misturou-se nessa caminhada: a noite, o brilho de Belo Horizonte, um certo receio e o entusiasmo de nossas idéias. A cada cinco passos parávamos, um frente ao outro, para defendermos de forma acalourada as nossas perspectivas. Um desses momentos que se intensificam na mistura entre o ambiente e as idéias e que, assim, formam uma imagem definitiva em nossa memória.
Desse encontro com Lipovetsky fica um oceano de idéias e alguns mapas de navegação. Fica a vontade e o prazer de pensar, de ler. Fica a generosidade da troca, do embate, da filosofia. Ficam janelas abertas, fica o sol confortante de outono e mais: a certeza do propósito da vida e a experiência de que para produzir uma bela obra é preciso de encontros felizes e verdadeiros como esse.
