maio 15, 2010

LIBERDADE E ESCOLHAS> Sobre a liberdade e o fracasso de estar diante dos caminhos possíveis


Poder escolher é a mais potente forma de liberdade, mas que carrega o peso da decisão, da escolha acertada. Por isso a juventude é a fase mais perturbadora de nossa existência e o momento de maior liberdade. É a fase onde acionamos com toda a força a nossa imaginação, quando desenhamos em nossa mente como seria seguir cada caminho possível. Trata-se de um momento onde estamos indeterminados, no sentido de que tudo pode ser. Tudo pode vir a ser. Há uma grande euforia e esperança nisso. Achamos que podemos ser ricos, que poderemos casar com uma pessoa ideal e etc.
No entanto, poucos falam do risco que é o de tentar manter esse estado de indeterminação para além do "timing" das escolhas. Sermos jovens eternamente. Muitos têm o feito ultimamente... Na dúvida de qual mulher escolher, desdobram-se em três. Na possibilidade de escolher entre morar sozinho e viajar o mundo, continuam na casa dos pais. Na dúvida de qual carreira seguir trancam o curso no meio do caminho para trabalhar em um setor medíocre. O que estou dizendo é: manter o estágio da indeterminação, na tentativa vã de manter a liberdade a ela associada é a maneira mais arriscada de condenar-se ao fracasso de não ter tido a coragem de apostar em um caminho. A aparente liberdade é, assim, uma grande derrota, porque você perde o “bonde”, o horário de sua saída. Imaginamos que podemos viajar todas as viagens, quando na verdade não é possível compatibilizar caminhos incompatíveis. É preciso não ver algo, para que outro se realize. É preciso escolher um trecho em detrimento de outro. Ao tentar compatibilizar todos os possíveis, eles tornam-se impossíveis. Do contrário nem um, nem outro se realizam. Viram imaginação, viram nada. Oscilar entre todos os caminhos, não se decidir é um perigo. Pois, ao manter a indeterminação você inviabiliza sua felicidade pessoal e social. Você inviabiliza a oportunidade de viver “uma” vida.
OBS> caso se interessem pelo tema sugiro que leiam “A educação sentimental” de Flaubert (literatura) ou a instigante análise sociológica de Pierre Bourdieu em "As regras da arte, gênese e estrutura do campo literário"